terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

SEJAM AMÁVEIS!

Madre Tereza de Calcutá

Madre Teresa de Calcutá, em um momento difícil na congregação por ela fundada, escreveu às filhas espirituais (irmãs da caridade):

“Sejam amáveis umas com as outras. Prefiro que cometam erros com amabilidade, a que façam milagres com falta dela. Sejam amáveis sempre. Contemplem a amabilidade de Nossa Senhora, vejam como ela falava, como ela agia. Olhem para seu exemplo. Ela podia perfeitamente ter revelado a São José a mensagem do Anjo a respeito do nascimento de Cristo, mas escolheu o silêncio, não disse uma palavra. E a essa altura, vendo seu amor, Deus interveio diretamente em seu favor. Maria guardava todas estas coisas no seu coração, eis a grande lição! E quem nos dera podermos guardar todas as nossas palavras no coração dela.

Para que tanto sofrimento e tantas incompreensões? Basta uma simples palavra, um olhar, uma pequena ação sem amor e o coração da vossa Irmã mergulha na escuridão. Não deve ser assim. Peçam a Nossa Senhora que vos encha o coração de doçura”.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

SILENCIAR PARA OUVIR O SENHOR








Maria guardava tudo no seu coração!







Há vários tipos de silêncio. Muitos mergulham nele apenas para fugir ou para dormir. Outros fazem uso de mil técnicas a fim de atingirem um silêncio simplesmente relaxante; outros ainda exercitam a meditação com o pensamento bloqueado, suspenso num vácuo silencioso, no qual julgam ser elevados.
Alguns emudecem por capricho ou por mau humor; e assim por diante… No entanto,  o verdadeiro silêncio é aquele que nos coloca diante de Deus. Essa experiência enriquece os nossos valores, enobrece nossas reflexões, sentimentos e idéias, e mais: no íntimo da alma formam-se as convicções e enraízam-se as virtudes. Dessa forma, as linhas mestras da luta pessoal por melhorarmos a cada dia um pouco mais são definidas e solidificadas.
Temos o hábito de falar muito e quase não sabemos escutar o outro, sobretudo ao Senhor, que quer nos falar no íntimo de nosso coração. Há pobreza de palavras, porque há pobreza de silêncio. Só teremos condições de responder com prontidão a Deus e aos irmãos se nos exercitarmos nessa escuta.
Jesus, eu confio em Vós!
Luzia Santiago

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

MÃE IGREJA - REALIDADE DO HOMEM E DA SOCIEDADE



O que é Doutrina Social da Igreja
Reflexão sobre a realidade do homem e da sociedade

Em nosso artigo anterior nós nos propusemos a definir o que significa a Doutrina Social da Igreja. Partindo do Magistério do Papa bem-aventurado João Paulo II, concentramo-nos, entretanto, em primeiro deixar bem claro o que a Doutrina Social da Igreja (DSI) não é, antes de explicar o que ela é. Chegamos, então, à conclusão de que essa doutrina não é uma ideologia, não sendo, portanto, uma espécie do gênero que compreende o liberalismo e o socialismo, por exemplo. Uma ideologia é um sistema de ideias para guiar a ação social e política que, por mais coerente que possa ser ou parecer, parte de princípios arbitrários e parciais, alheios à verdade da natureza humana em sua integralidade.

A Doutrina Social da Igreja difere radicalmente das ideologias porque pretende ser o resultado de uma reflexão sobre a própria realidade do homem e da sociedade. Por não ser uma ideologia, ela [Doutrina Social da Igreja] não se apresenta como uma panaceia, ou seja, como um remédio universal para todos os males sociais, com soluções prontas e acabadas para todos os problemas coletivos, tal como se dá com as ideologias já citadas do liberalismo e do socialismo. Os ideólogos liberais e socialistas, por exemplo, acham que as mesmas medidas sociais são capazes de solucionar os problemas tanto dos Estados Unidos como os da Zâmbia, tanto os do Brasil como os da Noruega, entre outros. Não compreendem que países diferentes, dotados de características culturais e geográficas diferentes, têm problemas diferentes e reclamam, por isso mesmo, soluções diferentes.

Na verdade, falta às ideologias modernas a distinção entre essência e acidentes, fato que não ocorre com a Doutrina Social da Igreja, tendo em vista que esta bebeu da filosofia de Aristóteles. Considerado o príncipe eterno dos verdadeiros filósofos, esse grande pensador compreendeu que todos os seres existentes são uma realização concreta e individual de uma essência ou natureza abstrata e universal. A natureza ou essência predica-se identicamente de todos os entes que a possuem – Aristóteles não é mais homem do que Sócrates, da mesma forma que Duque não é menos cão que Rintintim.

Um ser humano não difere de outro pela natureza, mas pelos acidentes: altura, sexo, idade, local de nascimento, cor da pele, profissão, classe social, grau de instrução, entre outros. Todos estes são acidentes do ser humano, sem que isso implique alteração ou diminuição de sua invariável natureza. Assim, se por um lado a natureza faz com que determinado ser seja algo – um homem, um cão, um gato, uma planta, um mineral – os acidentes preenchem de concretude aquela essência que, em si mesma, é um esquema abstrato de possibilidades. Assim, cada indivíduo é um universal concreto – a realização concreta e particular de uma essência universal.

Ora, a Doutrina Social da Igreja trabalha no plano da essência, no plano do universal e não desce aos detalhes dos acidentes. Desse modo, essa doutrina, em vez de oferecer um modelo de sociedade em seus mínimos detalhes, vem propor princípios universais, exigências mínimas e fundamentais, válidas para qualquer espécie de sociedade, independentemente de cultura ou momento histórico, sem impor nenhum regime político ou social específico. Com efeito, ensinou o Concílio Vaticano II: «A Igreja não está ligada, por força da sua missão e natureza, a nenhuma forma particular de cultura ou sistema político, econômico ou social» (Constituição pastoral Gaudium et Spes, 42).

Entretanto, pelo fato de a Doutrina Social da Igreja não impor nenhum regime político específico, não podemos concluir que ela seja compatível com qualquer forma de organização da sociedade. A Igreja nunca cessou de denunciar os erros das ideologias modernas, como o liberalismo e o socialismo. Consta do Catecismo da Igreja Católica (CIC): «A diversidade dos regimes políticos é moralmente admissível, contanto que concorram para o bem legítimo da comunidade que os adota. Os regimes cuja natureza é contrária à lei natural, à ordem pública e os direitos fundamentais das pessoas não podem realizar o bem comum das nações às quais são impostos» (CIC, 1901).

O que se quer deixar claro é que as exigências da Doutrina Social da Igreja são de caráter moral e não de caráter técnico. Essa doutrina limita-se a enunciar as exigências universais que não podem ser transgredidas por nenhuma sociedade, sendo que as decisões de caráter técnico e específico devem ser tomadas para satisfazer da melhor maneira as exigências de ordem moral, segundo as circunstâncias concretas de cada povo. É aqui que cabe um papel importantíssimo aos leigos: a nós compete a aplicação concreta da Doutrina Social da Igreja, traduzindo os princípios morais que o magistério enuncia em soluções técnicas e políticas. Efetivamente, assim ensinou o Papa Paulo VI: «Os leigos devem assumir como tarefa própria a renovação da ordem temporal. Se o papel da hierarquia consiste em ensinar e interpretar autenticamente os princípios morais que se hão de seguir nesse domínio, pertence aos leigos, por suas livres iniciativas, e sem esperar passivamente ordens e diretrizes, imbuir de espírito cristão a mentalidade e os costumes, as leis e as estruturas da sua sociedade» (Encíclica Populorum Progressio, n. 81).


Rodrigo R. Pedroso
O autor é advogado graduado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (FD/USP), mestrando em Filosofia política pela FFLCH/USP e procurador da Universidade de São Paulo.
Críticas, dúvidas e sugestões podem ser enviadas para o correio eletrônico rpedroso01@terra.com.br