ESCRAVO ZACARIAS - Certa feita, um escravo de nome Zacarias,
que vivia na senzala de uma grande Fazenda no Estado do Paraná, cansado de
sofrer maus tratos, fugiu em direção ao Estado de São Paulo. De imediato saiu a
sua procura um famoso "Capitão do Mato", como eram chamados os
perseguidores de escravos. Vasculhou todas as regiões circunvizinhas até que o
encontrou e prendeu próximo a Bananal, em São Paulo. Depois de acorrentá-lo com
pesados grilhões nos pés e nos braços (um conjunto de argolas e barras de ferro
pesando mais de 7 quilos), o conduziu de volta ao Paraná. Entretanto, ao
passarem pela Vila, em frente à Igreja de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA,
cansado e com fome, com os pés repletos de cortes por caminhar descalço por
estradas pedregosas e cheias de mato, pediu ao seu caçador para descansar um
pouco e rezar na Igreja. O algoz permitiu e aproximou-se a cavalo da porta de
entrada da Igreja, enquanto Zacarias caminhando uns passos, caiu de joelhos ao
chão em suplicante e dolorida oração. Para espanto do Capitão, de diversos
alunos de um Colégio ao lado da Igreja e de muitas pessoas na rua que
presenciaram a cena, viram soltar-se milagrosamente os grilhões que prendiam os
pés e braços do escravo, caindo ao chão com grande barulho, deixando-o em
liberdade.
Zacarias em prantos segurou as correntes com as mãos e
correu pelo interior da Igreja, prostrando-se junto à grade que separava do
público, o Altar onde estava a VIRGEM MARIA. Com as mãos estendidas e o rosto
inundado de lágrimas, agradeceu à NOSSA SENHORA pela providencial e maternal
proteção.
O Capitão do Mato surpreso desmontou do cavalo e seguido
pelas pessoas que testemunharam o fato, entrou na Igreja para ver de perto o que
acabara de presenciar. Compreendeu que se tratava de uma intervenção
sobrenatural e por essa razão, concordou que o escravo devia ficar em
liberdade. Decidiu não levar Zacarias de volta a senzala de onde fugira. Pediu
ao Tesoureiro da Igreja, que estava presente, uma declaração narrando o
acontecimento, a fim de fazer prova junto ao seu patrão e com a consciência
tranquila de ter feito a melhor escolha, retornou sozinho ao Paraná.
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