domingo, 30 de novembro de 2014

Por que chamamos a Virgem Maria de Nossa Senhora?


Rainha dos Anjos, Rainha dos Santos, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires…

O título de Senhor e Senhora, desde os primeiros séculos do Cristianismo, eram usados para os senhores de escravos, muito comum naquele tempo. Dentro desse contexto, a Virgem Maria disse ao anjo: “Eis aqui a escrava do Senhor” (Lc 1, 38).



Mas “Jesus é o Senhor”, como disse São Paulo (Fl 2,11); é o Rei dos Reis; e Sua Mãe é Rainha por consequência. Por isso, a Igreja entendeu que deveria chama-lá de Senhora. Os súditos do Rei eram também servos da Rainha. Ora, se somos súditos de Jesus, o somos também de Maria.A Ladainha Lauretana chama a Virgem Maria de Rainha dos Anjos, Rainha dos Santos, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires, Rainha dos Confessores, Rainha da Virgens, Rainha dos Profetas. Ora, toda Rainha é Senhora em seu reino.

A Virgem Maria é aquela “cheia do Espírito Santo”, como a saudou sua prima Santa Isabel, que em alta voz disse: “Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1,42). Ela é “a filha predileta de Deus”, diz o Concílio Vaticano II (LG n. 53), “aquela que, na Santa Igreja, ocupa o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós” (Lumen Gentium, n. 54).

São Bernardo, doutor da Igreja, o apaixonado cantor da Virgem Maria, no Sermão 47 diz: “Ave Maria, cheia de graça, porque é agradável a Deus, aos anjos e aos homens. Aos homens, por causa de sua fecundidade; aos anjos, por sua virgindade; a Deus por sua humildade. Ela mesma atesta que Deus olhou para ela porque viu sua humildade”.

São Tomas de Aquino afirmou: “A bem-aventurada Virgem Maria, pelo fato de ser Mãe de Deus, tem uma espécie de dignidade infinita por causa do bem infinito que é Deus”. Ela é Senhora!

“A graça que adornou a Santíssima Virgem sobrepujou não só a de cada um em particular, mas a de todos os santos reunidos”, afirma Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja. Por isso ela cantou no Magnificat: “Desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo…” (Lc 1,42). Ela é Senhora!

Maria é um “espelho especialíssimo de Deus”, diz São Tomás de Aquino: “Os outros santos são exemplos de virtudes particulares: um foi humilde, outro casto, outro misericordioso, e assim nos são oferecidos como exemplos de uma virtude. Mas a bem-aventurada Virgem é exemplo de todas as virtudes”, diz o santo.

São Bernardo e Santo Antônio, doutores da Igreja, afirmam que, “para ser eleita e destinada à dignidade de Mãe de Deus, devia a Santíssima Virgem possuir uma perfeição tão grande e consumada que nela excedesse todas as outras criaturas”. Ela é Nossa Senhora!

“Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Mt 23,12). Repetiu várias vezes o Senhor. Logo que Deus determinou fazer-se Homem para redimir o homem decaído e assim manifestar ao mundo Sua misericórdia infinita, certamente buscava entre todas as mulheres aquela que fosse a mais santa e humilde para ser Sua Mãe. Como diz o Livro dos Cânticos: “Há um sem número de virgens (a meu serviço), mas uma só é a minha pomba, a minha eleita” (Ct 6, 8-9).

Foi por sua imensa humildade que Deus tanto exaltou Maria e a fez Sua Mãe, Rainha e Senhora nossa. E a própria Virgem diz no seu canto: “porque olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48).

Foi essa “humildade” profunda e real que tanto encantou o coração de Deus, fez com que a elegesse a “bendita entre as mulheres”, Sua Mãe, nossa Mãe e Senhora.


Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino, é viúvo, pai de 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Site do Professor: http://www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa

Conheça a devoção a Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa.
Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa
Nossa Senhora das Graças
A devoção a Nossa Senhora das Graças teve início com as aparições da Virgem Maria a piedosa irmã Catarina Labouré. As três aparições aconteceram no convento das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, na rue du Bac, em Paris, na França, no ano de 1830. Na segunda aparição, a Santíssima Virgem mandou que fossem cunhadas medalhas, conforme as visões concedidas a Catarina. Com a aprovação eclesiástica, as medalhas foram confeccionadas e distribuídas, inicialmente na França, e depois pelo mundo todo. A devoção a Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa, como ficou popularmente conhecida entre o Povo de Deus, se espalhou rapidamente, bem como os milagres e prodígios, conforme prometeu a Virgem Maria àquelas pessoas que usarem devotamente a sua medalha: “Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças”1.
Na primeira aparição, que aconteceu na noite de 18 para 19 de julho de 1830, data da festa do Fundador, São Vicente de Paulo, Nossa Senhora revelou a Santa Catarina que grandes calamidades e perseguições aconteceriam na França. De fato, uma semana depois explodiu a Revolução de 1830, em Paris. A partir deste fato, “desordens sociais e políticas derrubaram o rei Carlos X, e por toda a parte se verificaram manifestações de um anticlericalismo violento e incontrolável: igrejas profanadas, cruzes lançadas por terra, comunidades religiosas invadidas, devastadas e destruídas, sacerdotes perseguidos e maltratados”2. Depois de profetizar estes males, a Virgem Maria disse a Catarina o que elas deveriam fazer: “venham ao pé deste altar: aí as graças serão derramadas sobre todas as pessoas, grandes e pequenas, particularmente sobre aquelas que as pedirem com confiança e fervor. O perigo será grande, porém não deves temer: Deus e São Vicente protegerão esta Comunidade”3. Conforme prometeu Nossa Senhora, os padres Lazaristas e as Filhas da Caridade nada sofreram naquele período turbulento da história.
Na aparição seguinte, que aconteceu no dia 27 de novembro de 1830, Nossa Senhora revela a Santa Catarina Labouré a sua missão. Nesta segunda aparição, a Mãe de Deus aparece vestida de branco, com indizível beleza, trazendo nas mãos uma esfera de ouro que representava o globo terrestre, o mundo inteiro e cada pessoa em particular, que estão sob os seus cuidados maternos. De repente, Catarina vê nos dedos da Santíssima Virgem anéis revestidos de belíssimas pedras preciosas, das quais saíam raios muito brilhantes. A respeito destes, Nossa Senhora explicou: “Estes (raios) são o símbolo das graças que Eu derramo sobre as pessoas que mas pedem”4. A partir desta imagem e da explicação da Virgem Maria, Santa Catarina compreendeu quão agradável é rezar a ela, quanto ela é generosa para com seus devotos, quantas graças concede às pessoas que lhe pedem, e que alegria ela sente ao concedê-las a nós.
Ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “O alerta de Maria para o Brasil”: 
Nesse momento, formou-se um quadro oval em torno de Nossa Senhora, que tinha no alto as seguintes palavras: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”5, escritas em letras de ouro. Foi então que a religiosa ouviu uma voz, que dizia: “Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança”6. Logo depois, o quadro girou e Catarina viu o outro lado da medalha, que tinha no centro, o monograma da Santíssima Virgem, composto pela letra “M” e uma cruz acima, que tinha uma barra em sua base. Embaixo, estavam o Coração de Jesus, coroado de espinhos, e o de Maria, transpassado por uma espada. Conforme as promessas de Nossa Senhora, abundantes graças derramaram-se sobre as pessoas que usavam com devoção e confiança a medalha, tanto que esta passou a ser chamada pelo povo cristão de “Medalha Milagrosa”.
Depois de alguns dias, em dezembro de 1830, Nossa Senhora apareceu pela terceira e última vez a Santa Catarina. A vidente contemplou a Rainha do Universo novamente vestida de branco, segurando um globo de ouro encimado por uma pequena cruz. Dos seus anéis, ricamente ornados de pedras preciosas, jorravam, com intensidades diferentes, a mesma luz, radiosa como a do sol. A este respeito, contou depois Santa Catarina: “É impossível exprimir o que senti e compreendi no momento em que a Santíssima Virgem oferecia o Globo a Nosso Senhor. Como estava com a atenção voltada em contemplar a Santíssima Virgem, uma voz se fez ouvir no fundo de meu coração: Estes raios são símbolo das graças que a Santíssima Virgem obtém para as pessoas que Lhas pedem. Estava eu cheia de bons sentimentos, quando tudo desapareceu como algo que se apaga. E fiquei repleta de alegria e consolação…”7.
Atualmente, a devoção a Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa está presente no mundo inteiro, devido à propagação da devoção realizada pela Família Vicentina, pela Associação da Medalha Milagrosa e pelos fiéis devotos da Virgem Maria. Ainda hoje, a Virgem Maria continua derramando graças abundantes sobre as pessoas que devotamente lhe pedem. Entretanto, na segunda aparição, a Santíssima Virgem fala dos seus anéis dos quais não partem raios, que simbolizam as graças que esquecemos de lhe pedir. Isto significa que Nossa Senhora não derrama mais graças sobre nós porque não recorremos a ela. Por isso, propaguemos esta devoção e peçamos sempre a intercessão da Mãe do Senhor, para que cada vez mais graças se derramem sobre nós. Rezemos, façamos jejuns e penitências de modo especial pelos cristãos do Egito, da Síria e de tantos outros países, nos quais tantos cristãos são perseguidos e mortos por causa do nome de Jesus8. Nossa Senhora das Graças, rogai por nós!
Referências:
2 Idem.
3 Idem.
4 Idem.
5 Idem.
6 Idem.
7 Idem.
8 Cf. Lc 21, 17.

Natalino Ueda é brasileiro, católico, missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Filosofia e Teologia. Atualmente é produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina esta devoção, o caminho "a Jesus por Maria", que é o seu maior apostolado.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Nossa Senhora das Graças - Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

2014-11-26 Rádio Vaticana
Rio de Janeiro (RV)

A Igreja sempre venerou Maria como sua mãe. Mesmo porque há uma razão lógica: ela é a Mãe de Jesus, cabeça da Igreja e a Igreja é o corpo místico de Cristo, princípio e primogênito de todas as criaturas celestes e terrestres (Ef 1,18). E isso foi declarado por Jesus no alto da Cruz ao nos entregar por meio de João, sua mãe como nossa mãe. Por isso mesmo, Maria é a mãe de todos os que nasceram pelo Cristo, tornaram-se irmão de Cristo e em Cristo, e são herdeiros de sua graça, sua vida e sua glória.
Para todos nós, ela é modelo de fé e de oração, de contemplação do mistério divino. É a mulher obediente à Palavra de Deus, de quem Isabel testemunhou: “Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas”. (Lc 1, 45) É modelo de amor e doação, que se põe a caminho para servir a prima Isabel, que está a serviço e preocupada com os noivos nas Bodas de Caná. É a mãe terna que ampara e protege seus filhos e sempre nos aconselha para que sejamos fiéis a Jesus: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. (Jo 2, 5).
O carinho do povo por Maria faz com que ela seja louvada de diferentes maneiras, com diversos títulos. É o cumprimento da profecia que fez em seu cântico do Magnificat: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1, 48). A verdadeira devoção a Maria se manifesta na imitação de suas virtudes, praticando os ensinamentos de Jesus; a verdadeira devoção, reconhece que Maria é importante porque nos apresenta a Jesus, a quem pertence o primeiro lugar. O importante é que esse amor se concretize na vivência do evangelho de seu Filho Divino.
Ressalte-se, também, que Maria é uma mulher simples, humilde, vivendo o dia a dia de sua pequena vila. Mulher pobre que viveu a migração e a exclusão. Mãe zelosa, que cuidou de Jesus com afeto e dedicação, ajudando-o a dar os primeiros passos, cuidando de sua roupa e alimentação, ensinando as lições da vida, enfim, fazendo o mesmo que nossas mães fazem por seus filhos. Mulher forte aos pés da cruz e ao receber em seus braços o corpo exangue de seu Filho querido.
Um belo caminho nos foi dado no dia 27 de novembro de 1830, pela inspiração recebida por Santa Catarina Labouré, humilde freira da Congregação das Filhas da Caridade. Isto foi na Rua De Lubac, no centro de Paris, na atual Capela da Medalha Milagrosa. Nesse dia, segundo relata a Santa, ela viu Maria mostrando nos dedos anéis incrustados de belíssimas pedras preciosas, “lançando raios para todos os lados, cada qual mais belo que o outro”. Em seguida, formou-se em torno da Virgem uma moldura ovalada, no alto da qual estavam escritas em letras de ouro as seguintes palavras, a bela jaculatória: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. Esse foi um sinal do anúncio de que Nossa Senhora é Imaculada, concebida sem pecado original.
Vinte e quatro anos depois, o Papa Pio IX proclamava solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria no dia 8 de dezembro de 1854. Quatro anos após, em Lourdes, Santa Bernadete é inspirada por Maria e escuta a afirmação: “Eu Sou a Imaculada Conceição”. Quantas provas de sua Imaculada Conceição!
Santa Catarina Labouré descreve a Virgem sobre um Globo, a Terra, pisando a cabeça da Serpente e segurando nas mãos um globo menor, oferecendo-o a Deus, num gesto de súplica. E diz a Santa Catarina: “Este globo representa o mundo inteiro e cada pessoa em particular”. De repente, o globo desapareceu e suas mãos se estenderam suavemente, derramando sobre o globo brilhantes raios de luz. E Santa Catarina ouviu uma voz que lhe dizia: “Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança”. Em 1832, uma violenta epidemia de cólera assolou a cidade de Paris. Foram, então, cunhados os primeiros exemplares da medalha, logo distribuídos aos doentes. À vista das graças extraordinárias e numerosas obtidas de Deus por meio dessa medalha, o povo passou a chamá-la de Medalha Milagrosa. Em pouco tempo, essa devoção difundiu-se pelo mundo inteiro, e foi enriquecida com a composição de uma Novena.
Nossa Senhora foi chamada pelo Anjo de “cheia de Graça”; assim, ela intercede por nós junto a Deus e Este lhe atende as súplicas, como nos mostra nas Bodas de Caná da Galiléia. Se os nossos pecados dificultam a nossa comunhão com Deus e nos impedem de obter Suas graças, isto não ocorre com Nossa Senhora, pois, como boa Mãe, ela se põe como nossa magnífica intercessora.
Nossa Senhora das Graças, rogai por nós que recorremos a vós!
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ORAÇÃO A SANTA MARIA MÃE DE DEUS


Maria, nossa Mãe querida, tomai-nos pela mão e nos conduzi a Deus.
Ficai conosco em todos os momentos, pois o vosso amor materno é para sempre.
Nas horas difíceis, sede nossa Protetora, nos sofrimentos, sede nosso Socorro.
Pressionados e sem saída, abri-nos a porta das soluções.
Dispersos e errantes, amparai-nos com vosso manto.
Nas noites escuras, sede nossa Estrela-guia.
Nas adversidades, não permitais que vacilemos.
Conturbações e desalentos jamais perturbem nossa firme confiança em Deus.
Retirai de nosso rosto a sombra de tristeza.
Nessa era de violência, dai-nos um tempo de graça em que a paz já não seja sonho, mas promessa realizada.
Intercedei por nós, ó Virgem, junto ao Pai, que em Jesus se encarnou em vosso seio.
Plenificai-nos com os dons do Espírito Santo, fogo divino que vos iluminou.
Amém.

domingo, 23 de novembro de 2014

A consagração a Maria e o autoconhecimento

Saiba como chegamos ao autoconhecimento e nos preparamos bem para a consagração a Virgem Maria.
A consagração a Maria e o autoconhecimento
Juan Diego e Nossa Senhora de Guadalupe
Na primeira semana de preparação para a consagração total a Jesus Cristo, pelas mãos da Santíssima Virgem Maria, somos chamados a pedir a graça do autoconhecimento. Para isto, pediremos em nossas orações que, à luz do Espírito Santo, nos conheçamos de fato, especialmente o nosso interior. Pois, este conhecimento interno das ações da nossa alma é necessário para fazer a nossa consagração. Para chegar a este autoconhecimento, durante esta primeira semana de preparação para a consagração1, aplicaremos todas as nossas orações e meditações pessoais, bem como os atos de piedade, como jejuns, penitências e boas obras, para pedir o conhecimento de nós mesmos e a contrição de nossos pecados. Faremos tudo isso em espírito de humildade. Como recomendou São Luís Maria Grignion de Montfort, no seu extraordinário livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, neste tempo voltaremos aos seus ensinamentos sobre o conhecimento de nós mesmos.
São Luís Maria ensina que “as nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo mau fundo que há em nós”2. Para compreendermos isto, façamos uma comparação: quando colocamos água limpa e clara numa vasilha que não tem bom cheiro, ou vinho numa garrafa cujo interior está azedado por outro vinho, a água clara e o vinho bom ficam estragados e ganham facilmente o mau cheiro. “Do mesmo modo, quando Deus infunde em nossa alma, corrompida pelo pecado original e atual, as suas graças e orvalhos celestes, ou o vinho delicioso do seu Amor, assim também os Seus dons são ordinariamente manchados e estragados pelo mau fermento e mau fundo que o pecado deixou em nós”3. Os nossos atos, mesmo as virtudes mais sublimes, disso sentem os efeitos. Por isso, é “da mais alta importância, para adquirir a perfeição – que só se alcança pela união com Jesus Cristo – esvaziarmo-nos do que há de mau em nós. Doutra forma, Nosso Senhor, que é infinitamente puro e que odeia infinitamente a menor mancha que vê na alma, afastar-nos-á de Seus olhos e não se unirá a nós”4.
Para nos desapegar de nós mesmos precisamos, primeiramente conhecer bem, pela luz do Espírito Santo, o nosso fundo mau: a nossa incapacidade para qualquer bem útil à nossa salvação; a nossa fraqueza em todas as coisas; a nossa permanente inconstância; a nossa indignidade de toda graça; a nossa perversidade em toda a parte. Somos assim porque “o pecado dos nossos primeiros pais5 arruinou-nos a todos quase por completo, azedou-nos, corrompeu-nos, fez-nos inchar como o fermento faz à massa em que é lançado”6. Além disso, os pecados atuais que cometemos, sejam eles mortais ou veniais, embora tenham sido perdoados na Confissão, aumentaram em nós a concupiscência, a fraqueza, a inconstância e corrupção, deixando maus vestígios na nossa alma.
Ouça aula do Padre Paulo Ricardo sobre “A Mãe do Salvador e a Nossa Vida Interior”: 
O nosso corpo é tão corrupto que é chamado pelo Espírito Santo corpo de pecado7, concebido no pecado, alimentado no pecado, capaz de todo tipo de pecado e sujeito a mil enfermidades. Nosso corpo corrompe-se dia a dia, e gera somente sarna, vermes e corrupção. A nossa alma, que está unida ao corpo, tornou-se tão carnal que chega a ser chamada carne: “Toda a carne tinha corrompido o seu caminho”8. Nossa alma está tão corrompida pelo pecado que “a nossa única herança é o orgulho e a cegueira de espírito, o endurecimento do coração, a fraqueza e a inconstância da alma, a concupiscência, a revolta das paixões e as doenças do corpo. Somos, naturalmente, mais orgulhosos que os pavões, mais apegados à Terra que os sapos, piores que os bodes, mais invejosos que as serpentes, mais gulosos que os porcos, mais coléricos que os tigres e mais preguiçosos que as tartarugas, mais fracos que caniços e mais inconstantes que os cataventos. De nosso, só temos o nada e o pecado, e só merecemos a ira de Deus e o inferno eterno”9.
Assim, para adquirirmos o conhecimento de nós mesmos e a contrição de nossos pecados, meditemos sobre esse nosso fundo mau. A princípio, as palavras de São Luís podem parecer exageradas e que não somos tão ruins como ele diz. Mas, não nos enganemos, pois por causa do orgulho temos uma visão demasiadamente boa a respeito de nós mesmos. Por isso, para ajudar em nosso autoconhecimento, consideremos que somos, durante os dias dessa semana, como caracóis, lesmas, sapos, porcos, serpentes, bodes. Além disso, pode nos ajudar a meditação sobes as “três palavras de São Bernardo: ‘Pensa no que foste, um pouco de lama; no que és, um vaso de estrume; no que serás, alimento de vermes!’”10. Em nossas orações, peçamos a Nosso Senhor Jesus Cristo, e ao divino Espírito Santo que nos esclareça a respeito de nossas fraquezas, repetindo as palavras: “Senhor, que eu veja!”11; ou: “Que eu me conheça!”; ou ainda: “Vinde, Espírito Santo!”. Além destas práticas e meditações, rezaremos todos os dias as orações preparatórias. Nesta semana, rezamos a “Ladainha do Espírito Santo” e a oração que se segue. Recorreremos também à Santíssima Virgem Maria, pedindo-lhe a grande graça do conhecimento de nosso fundo mau, que deve ser o fundamento de todas as outras que receberemos. Para pedir a intercessão materna de Maria, rezaremos todos os dias o “Ave Maris Stella” e a “Ladainha de Nossa Senhora”. Por fim, convidamos todos os que fazem ou renovam sua consagração em 12 de Dezembro, ou data próxima, a participar da 5ª Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria. Para fazer sua inscrição basta enviar os seus dados, preenchendo o formulário até o dia 09 de Dezembro de 2014. Os nomes dos participantes serão oferecidos dia 12 de Dezembro na Santa Missa que será presidida pelo Padre Paulo Ricardo em Cuiabá (MT). Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!
Referências:
1 Primeira semana de preparação para a consagração para as pessoas que se consagram dia 8 de Dezembro: de 20 a 25 de Novembro; e para aquelas fazem a consagração em 12 de Dezembro: de 24 a 29 de Novembro.
2 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 78.
3 Idem, ibidem.
4 Idem, ibidem.
5 Cf. Gn 3, 1-15.
6 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 79.
7 Cf. Rm 6, 6; Cf. Sl 50, 7.
8 Gn 6, 12
9 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 79.
10 Idem, ibidem.
11 Lc 18, 41.

Natalino Ueda é brasileiro, católico, missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Filosofia e Teologia. Atualmente é produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina esta devoção, o caminho "a Jesus por Maria", que é o seu maior apostolado.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Busca de plena unidade é prioridade para a Igreja Católica, diz Francisco

2014-11-21 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

Caminhar juntos, conhecer e amar o Senhor, colaborando em comunhão no serviço e na solidariedade com os mais fracos e sofredores. Foi o que pediu o Papa Francisco na carta entregue aos participantes da Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em andamento até esta sexta-feira, 21, no Vaticano, sob o tema “A meta do ecumenismo: princípios, oportunidades e desafios a 50 anos da Unitatis redintegratio”. Nas palavras do Pontífice, presente o convite para valorizar e reconhecer também o ecumenismo de sangue, ou seja, o testemunho de sangue de quem segue Cristo até o sacrifício da própria vida.
“A busca da plena unidade dos cristãos permanece como uma prioridade para a Igreja Católica. Ela é, antes de tudo, um dom de Deus e é obra do Espírito Santo, mas todos somos chamados a colaborar sempre e em todas as circunstâncias”, escreveu o Pontífice aos participantes do encontro. Francisco ressalta a forte “mudança de mentalidade” realizada graças ao texto da Unitatis redintegratio, assim como ao ensinamento do Concílio Vaticano II, mas convida também as associações, movimentos, institutos de vida consagrada a comprometerem-se mais neste tempo, para que seja plenamente cumprida a oração de Jesus ao Pai, antes de sua paixão: “que todos sejam um”.
“Enquanto damos graças, devemos reconhecer que entre nós, cristãos, ainda somos divididos, e que divergências sobre novos temas antropológicos e éticos tornam mais complicado o nosso caminho em direção à unidade. Todavia, não podemos ceder ao desconforto e à resignação, mas continuar a confiar em Deus que coloca nos corações dos cristãos sementes de amor e de unidade, para enfrentar com renovado vigor os desafios ecumênicos de hoje: cultivar o ecumenismo espiritual, valorizar o ecumenismo de sangue, caminhar juntos na via do Evangelho”.
“A hostilidade e a indiferença que haviam escavado fossas aparentemente impreenchíveis e produzido feridas profundas entre cristãos de diversas Igrejas e Comunidades eclesiais já pertencem ao passado”, afirmou o Santo Padre, louvando o novo fermento e a nova colaboração em prol da reconciliação e a comunhão entre todos os crentes. Hoje, ao contrário, disse ainda, “os cristãos trabalham juntos a serviço da humanidade sofredora e necessitada, pela defesa da vida humana e da inalienável dignidade, pela salvaguarda da criação e contra as injustiças que afligem tantos homens e povos” realizando de fato aquele ecumenismo espiritual autêntico:
“O ecumenismo espiritual, vive e se desenvolve por meio de inúmeros canais, que verdadeiramente somente o Senhor vê, mas que frequentemente também nós temos a alegria de conhecer: é uma rede mundial de momentos de oração que, do nível paroquial ao internacional, difundem no corpo da Igreja o oxigênio do genuíno espírito ecumênico; uma rede de gestos, que nos vê unidos trabalhando juntos em tantas obras de caridade”.
O Papa pede ainda mais, como ensina a Unitatis Redintegratio. É necessário aprender a valorizar “o ecumenismo do sangue”, isto é, saber reconhecer nos irmãos e nas irmãs de outras Igrejas e Comunidades a capacidade de dar testemunho de Deus até o sacrifício da vida, porque de fato, quem persegue os cristãos não faz diferença.
“Tais testemunhos nunca faltaram nestes cinquenta anos e continuam também nos nossos dias. Cabe a nós acolhê-los com fé e deixar que a sua força nos impulsione a nos converter a uma fraternidade sempre mais plena. Aqueles que perseguem Cristo nos seus fiéis não fazem diferença de confissão: os perseguem simplesmente porque são cristãos”. (JE)

(from Vatican Radio)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Papa Francisco: Maria guia-nos à infinita beleza de Deus

2014-11-20 Rádio Vaticana
Teve lugar na tarde desta quinta-feira a XIX Sessão Pública das Pontifícias Academias para o ano de 2014, sob o tema "Maria Ícone da infinita beleza de Deus", preparada pela Pontifícia Academia Mariana Internacional. Interveio o Cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura. A sessão também recordou a figura do Beato Papa Paulo VI e o documento Marialis Cultus, sobre Maria e o culto que a Igreja lhe dirige, 40 anos após a sua publicação, em 1974. Durante a sessão, o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin entregou em nome do Santo Padre o Prémio das Pontifícias Academias no âmbito da mariologia.

Na sua mensagem ao Card. Ravasi o Papa saudou a todos os que participam nesta XIX Sessão Pública das Pontifícias Academias, dedicada ao tema “Maria ícone da infinita beleza de Deus. A Marialis Cultus e o magistério mariológico-mariano de Paulo VI", que quis dedicar à Mãe de Deus, e ao culto a ela dedicado também como Mater Ecclesiae, duas Cartas Encíclicas, a Mense Maio e a Christi Matri

Naquela solene e histórica ocasião – diz o Papa na sua mensagem – o Beato Paulo VI quis indicar Maria a toda a Igreja como "a Mãe de Deus e a nossa Mãe espiritual". O mesmo Pontífice, dez anos mais tarde, num seu discurso durante o Congresso mariológico-mariano organizado em Roma pela Pontifícia Academia Mariana Internacional, por ocasião do Ano Santo de 1975, quis tornar-se promotor no âmbito da pesquisa mariológica e da piedade popular da “via pulchritudinis”, o itinerário de pesquisa que parte da descoberta e da admiração devota da beleza de Maria, vista como reflexo da infinita beleza de Deus.

Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, recorda o Papa, ele também confiou o caminho da Igreja à materna intercessão de Maria, lembrando a todos os crentes que "existe um estilo mariano na actividade evangelizadora da Igreja, porque todas as vezes que olhamos para Maria voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afecto. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importante ... Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e caminho em direcção aos outros, é o que faz dela um modelo eclesial para a evangelização".

Não nos cansemos, pois, de aprender com Maria, de admirar e contemplar sua beleza, de nos deixarmos guiar por ela que nos conduz sempre à fonte originária e à plenitude da autêntica e infinita  beleza,  de Deus, que se revelou a nós em Cristo, Filho do Pai e Filho de Maria.

E para encorajar e apoiar a todos os que se empenham em oferecer um sério e válido contributo à pesquisa mariológica e, particularmente, à pesquisa que percorre e aprofunda a via pulchritudinis, o Papa atribuiu o Prémio das Pontifícias Academias à Associação Mariológica Interdisciplinar Italiana, sobretudo pela publicação da Revista Theotokos. (BS)
(from Vatican Radio)

sábado, 15 de novembro de 2014

Fazer ou não a consagração a Maria?

Saiba se fazemos a consagração a Virgem Maria com dúvidas, quando não nos sentimos preparados ou passamos por dificuldades.
Fazer ou não a consagração a Maria
Nossa Senhora de Guadalupe e o Papa João Paulo II
Quando aproxima-se o tempo de fazer a nossa consagração total a Santíssima Virgem Maria, especialmente durante os trinta dias de preparação, pode surgir a dúvida: devo ou não consagrar toda a minha vida a Mãe de Deus? Além da dúvida, durante o caminho de preparação, podem acontecer situações concretas, como brigas, discussões, traições, quedas e tantas outras situações, que nos colocam num dilema: fazemos ou não a consagração? Tudo isso pode acontecer pois, quando nos preparamos para fazer a escravidão de amor, entramos numa grande batalha espiritual1: a nossa carne não quer entregar-se inteiramente para Jesus e Maria; o mundo, com suas seduções, quer nos afastar deste caminho de santidade; Satanás não quer que nos consagremos àquela que esmagará a sua cabeça2. Nesse tempo, Deus permite que passemos por tentações e provações por diverso motivos: para ver a nossa luta contra o mal, o pecado e o Demônio; para que conheçamos o nosso “fundo mau”3; para que reconheçamos a necessidade da consagração a Jesus e a Maria4 para a nossa santificação5; para que nos fortaleçamos espiritualmente, preparando-nos para viver a consagração; e tantos outros motivos que não nos são revelados para que não atrapalhemos o nosso processo de santificação. Conscientes desta batalha espiritual, voltemos à pergunta inicial e reflitamos sobre três dúvidas muito comuns neste tempo de preparação.
A primeira dúvida da qual gostaríamos de falar é aquela que surge a partir de uma constatação: não estamos preparados para fazer a consagração! É bastante comum esta dúvida, pois queremos estar prontos para nos entregar inteiramente a Jesus e a Maria. Nós queremos ser santos para nos consagrar. A consequência é que, olhando para a nossa vida, nos sentimos indignos da consagração. Geralmente, nossa tendência é adiar a nossa consagração, na esperança que um dia estaremos preparados. Pensar assim é um grande engano, pois a consagração é um ponto de partida e não um ponto de chegada. Não é necessário ser santo para fazer a consagração. Pois, a consagração não é para os santos, mas para aqueles que buscam um caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Deus, a santidade6. Se esperarmos ser santos para nos consagrar, já não será mais necessário fazer a consagração, pois já atingimos o seu objetivo final. Se não nos sentimos preparados, pois não somos santos, é sinal de que precisamos e devemos nos consagrar a Nossa Senhora.
Uma segunda dúvida pode surgir se nos dias de preparação caímos em algum pecado ou estamos passando por alguma tribulação. Também são muito comuns situações assim pois, como dissemos acima, estamos numa batalha espiritual. Por isso, precisamos de armas espirituais: orações, jejuns, penitências e sacrifícios. Dentre essas, a principal arma espiritual neste tempo de preparação é a oração do Santo Rosário, ou pelos menos o Terço, diário. Mesmo usando estas armas, podemos cair em tentação e cometer um pecado grave. Neste caso, não devemos desistir, pois a consagração é um auxílio na nossa luta contra o pecado. Continuemos a nossa preparação para a consagração e, o mais rápido possível, confessemos o pecado cometido. Podem acontecer ainda tribulações, dificuldades, sofrimentos, como a perda de um emprego, uma discussão ou o término de um relacionamento. Diante dessas situações, podemos ser tentados a desistir ou adiar a nossa consagração para tempos mais tranquilos em nossas vidas. Não devemos ceder à essas tentações, pois não sabemos se teremos outra oportunidade para fazer a consagração. Mesmo em meio a tribulações, dificuldades e sofrimentos, continuemos a nossa preparação, pois a consagração é justamente um auxílio a mais para os tempos difíceis7, para o caminho da cruz, pelo qual o Senhor nos chama a segui-Lo8.
Ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “Como combater as distrações durante a oração?”: 
A terceira dúvida, talvez a mais comum de todas, aparece quando falhamos em nossas orações de preparação. Ficamos sem saber o que fazer, se desistimos, se continuamos ou não a fazer as orações. Algumas pessoas pensam logo em desistir, pois pensam que a consagração não será válida se falharmos algum dia. Outras querem desistir porque tem o desejo de fazer tudo perfeitamente e ficam decepcionadas quando se deparam com as próprias dificuldades e limitações. Outras ainda ficam sem saber o que fazer diante de uma falha, impossibilidade ou esquecimento das orações. É verdade que devemos nos aplicar o máximo para viver bem o tempo de preparação, no qual as orações são importantes, mas o mais importante é preparar o nosso interior9. Por isso, quando falhamos é uma ótima oportunidade para reconhecer o nosso nada, a nossa miséria e imperfeição, e que precisamos de Jesus e de Maria para chegarmos à perfeição, à santidade. Se falhamos em nossa preparação, não devemos desistir, mas continuar as orações, nos esforçando para não falhar mais e entregando, desde já, tudo nas mãos da Virgem Maria.
Portanto, durante o tempo de preparação, particularmente nos trinta dias de oração, podem acontecer inúmeras situações para desistirmos da consagração a Virgem Maria. Podemos cair em pecados ou ainda acontecer situações que nos levem a desanimar e desistir da consagração. Podemos falhar em nossas orações preparatórias ou simplesmente não nos sentir preparados para a entrega total. Porém, nenhuma dessas situações deve nos levar a desistir de nos entregar a Jesus Cristo e a Virgem Maria. Ao contrário, quanto maiores forem os motivos para desistir, mais devemos perseverar no caminho da escravidão de amor. Pois, estamos numa batalha espiritual e o Demônio, sabendo como esta consagração é eficaz, fará todo o possível para desistirmos10. Se a batalha é grande, esta é um sinal de que certamente precisaremos dela para vencer a nossa carne, o Diabo e o mundo, para alcançar a salvação11. Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!
Referências:
1 Cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 114.
2 Cf. Gn 3, 15.
3 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit.,79.
4 Cf. idem, 14-15.
5 Cf. idem, 22-36.
6 Cf. idem, 152.
7 Cf. idem, 114.
8 Cf. Lc 9, 23; cf. Mt 16, 24.
9 Cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 106.
10 Cf. idem, 114.
11 Cf. idem, 40.

Natalino Ueda é brasileiro, católico, missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Filosofia e Teologia. Atualmente é produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina esta devoção, o caminho "a Jesus por Maria", que é o seu maior apostolado.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Saiba qual é a raiz do pecado


Quantas vezes, você foi resistente e se opôs à vontade de Deus? A raiz do pecado é a rebeldia e a desobediência, que foram implantadas em nós pelo veneno da serpente.

Jesus sabia que para tirar de nós o veneno da rebeldia era preciso obediência. E mesmo sendo o Filho de Deus, sem pecado, foi até o rio Jordão para obedecer ao Pai e mostrar a Sua Doutrina, criando inimizade com os poderosos do povo. Isso O levaria à morte de cruz, e Ele estava disposto e determinado a obedecer até as últimas consequências.

Há muitas pessoas, em nossas casas ou próximas de nós, que continuam na rebeldia, e só vão sair dela quando receberem, do Espírito Santo, a graça que nós recebemos. São Tomás de Aquino afirma que quem deu forças a Jesus para ir à cruz foi o Espírito Santo.

É assim que o Senhor quer que façamos. Como Ele, precisamos ser dóceis, obedientes e cheios do Espírito! Vamos pedir: “Vinde, Espírito Santo!”. No batismo, o Senhor nos dá a conversão, mas é preciso que nos purifiquemos.

Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Razões para entender a indissolubilidade do matrimônio

Há muitas razões para se entender a indissolubilidade do matrimônio
Jesus deixou bem claro que o casamento é uma realidade para toda a vida. Os fariseus perguntaram a Ele sobre o que Moisés tinha determinado, isto é, a possibilidade do divórcio: “É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?” (Mt 19,3).
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O Senhor lhes deu uma resposta enfática: “Não lestes que o Criador, no princípio, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu”. Jesus deixou claro: “Por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no princípio não foi assim”. E, por isso, Ele disse: “Eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério” (Mt 19,3-10).
Jesus enfatizou que “no princípio não era assim”, ou seja, “no coração de Deus”,quando Ele criou o homem e a mulher, estabeleceu o casamento para sempre. “Sereis uma só carne” (Gen 2,23). Carne na Bíblia quer dizer natureza humana.
Há muitas razões para se entender a indissolubilidade do matrimônio. São Paulo compara o casamento com a união de Cristo com Sua Esposa, a Igreja. “Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5,25). Ora, então o casamento é sinal da união eterna de Jesus com a Igreja, e de maneira indissolúvel. Ele não se separa da Igreja, e nem a Igreja d’Ele. O Senhor derramou Seu sangue por amor à Igreja, e Seus mártires fizeram o mesmo por amor a Ele.
A marca do verdadeiro amor é a indissolubilidade, pois amar é decidir fazer o outro feliz sempre. Isso não tem limite de tempo. Um amor provisório não é amor. Amar é comprometer-se com a felicidade do outro para sempre: na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-o e respeitando-o todos os dias da sua vida.
O casamento é a base da família, e esta é a base da sociedade. Se o casamento se dissolver, a família se dissolverá e a sociedade perecerá. O Papa João Paulo II usou palavras muito fortes para explicar isso. Ele disse que “a família é insubstituível”, que ela é “o santuário da vida”, um “patrimônio da humanidade”. Ela é a “Igreja doméstica”. Da importância da família se entende a importância da indissolubilidade matrimonial.
O casamento faz surgir uma prole: filhos, netos, bisnetos… É desta união permanente que surge a beleza de uma família, berço da vida. É triste quando se quebra o vínculo da unidade pela separação do casal. Por isso, é necessário que os casamentos sejam bem preparados, de modo que não haja casamentos que mais tarde um Tribunal da Igreja possa declarar que foi nulo. E, infelizmente, isso tem acontecido e muito, porque falta uma boa preparação para os casamentos. Muitos se casam sem maturidade, sem saber profundamente o que significa “amar”, dar a vida pelo outro e pela família.
Há casamentos que duram 50, 60, 65 anos… Uma vez li essa história:
“Um famoso professor se encontrou com um grupo de jovens que falava contra o casamento. Argumentavam que o que mantém um casal é o romantismo e que é preferível acabar com a relação quando esse se apaga, em vez de se submeter à triste monotonia do matrimônio.
O mestre disse que respeitava a opinião deles, mas lhes contou a seguinte história: “Meus pais viveram 55 anos casados. Numa manhã, minha mãe descia as escadas para preparar o café e sofreu um enfarto. Meu pai correu até ela, levantou-a como pôde e quase se arrastando a levou até à caminhonete. Dirigiu a toda velocidade até o hospital, mas quando chegou, infelizmente ela já estava morta. Durante o velório, meu pai não falou. Ficava o tempo todo olhando para o nada. Quase não chorou. Eu e meus irmãos tentamos, em vão, quebrar a nostalgia recordando momentos engraçados.
Na hora do sepultamento, papai, já mais calmo, passou a mão sobre o caixão e falou com sentida emoção: “Meus filhos, foram 55 bons anos. Ninguém pode falar do amor verdadeiro se não tem ideia do que é compartilhar a vida com alguém por tanto tempo“. Ele fez uma pausa, enxugou as lágrimas e continuou: “Ela e eu estivemos juntos em muitas crises. Mudei de emprego, renovamos toda a mobília quando vendemos a casa e mudamos de cidade. Compartilhamos a alegria de ver nossos filhos concluírem a faculdade, choramos um ao lado do outro quando entes queridos partiam. Oramos juntos na sala de espera de alguns hospitais, nos apoiamos na hora da dor, trocamos abraços em cada Natal e perdoamos nossos erros. Filhos, agora ela se foi, eu estou contente. E vocês sabem por quê? Porque ela se foi antes de mim e não teve de viver a agonia e a dor de me enterrar, de ficar só depois da minha partida. Sou eu que vou passar por essa situação, e agradeço a Deus por isso. Eu a amo tanto que não gostaria que sofresse assim”.
Quando meu pai terminou de falar, meus irmãos e eu estávamos com os rostos cobertos de lágrimas. Nós o abraçamos e ele nos consolou dizendo: “Está tudo bem, meus filhos, podemos ir para casa”.
Esse foi um bom dia. E, por fim, o professor concluiu: “Naquele dia, entendi o que é o verdadeiro amor. Ele está muito além do romantismo, e não tem muito a ver com o erotismo, mas se vincula ao trabalho e ao cuidado a que se professam duas pessoas realmente comprometidas”.
Quando o mestre terminou de falar, os jovens universitários não puderam argumentar, pois esse tipo de amor era algo que não conheciam. O verdadeiro amor se revela nos pequenos gestos, no dia a dia e por todos os dias. O verdadeiro amor não é egoísta, não é presunçoso nem alimenta o desejo de posse sobre a pessoa amada.
“Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe.” “A paciência pode ser amarga, mas seus frutos são doces.”
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Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino, é viúvo, pai de 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Site do Professor: http://www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino