2014-11-26 Rádio Vaticana
Rio de Janeiro (RV)
A Igreja sempre venerou Maria como sua mãe. Mesmo porque há uma razão lógica: ela é a Mãe de Jesus, cabeça da Igreja e a Igreja é o corpo místico de Cristo, princípio e primogênito de todas as criaturas celestes e terrestres (Ef 1,18). E isso foi declarado por Jesus no alto da Cruz ao nos entregar por meio de João, sua mãe como nossa mãe. Por isso mesmo, Maria é a mãe de todos os que nasceram pelo Cristo, tornaram-se irmão de Cristo e em Cristo, e são herdeiros de sua graça, sua vida e sua glória.
Para todos nós, ela é modelo de fé e de oração, de contemplação do mistério divino. É a mulher obediente à Palavra de Deus, de quem Isabel testemunhou: “Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas”. (Lc 1, 45) É modelo de amor e doação, que se põe a caminho para servir a prima Isabel, que está a serviço e preocupada com os noivos nas Bodas de Caná. É a mãe terna que ampara e protege seus filhos e sempre nos aconselha para que sejamos fiéis a Jesus: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. (Jo 2, 5).
O carinho do povo por Maria faz com que ela seja louvada de diferentes maneiras, com diversos títulos. É o cumprimento da profecia que fez em seu cântico do Magnificat: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1, 48). A verdadeira devoção a Maria se manifesta na imitação de suas virtudes, praticando os ensinamentos de Jesus; a verdadeira devoção, reconhece que Maria é importante porque nos apresenta a Jesus, a quem pertence o primeiro lugar. O importante é que esse amor se concretize na vivência do evangelho de seu Filho Divino.
Ressalte-se, também, que Maria é uma mulher simples, humilde, vivendo o dia a dia de sua pequena vila. Mulher pobre que viveu a migração e a exclusão. Mãe zelosa, que cuidou de Jesus com afeto e dedicação, ajudando-o a dar os primeiros passos, cuidando de sua roupa e alimentação, ensinando as lições da vida, enfim, fazendo o mesmo que nossas mães fazem por seus filhos. Mulher forte aos pés da cruz e ao receber em seus braços o corpo exangue de seu Filho querido.
Um belo caminho nos foi dado no dia 27 de novembro de 1830, pela inspiração recebida por Santa Catarina Labouré, humilde freira da Congregação das Filhas da Caridade. Isto foi na Rua De Lubac, no centro de Paris, na atual Capela da Medalha Milagrosa. Nesse dia, segundo relata a Santa, ela viu Maria mostrando nos dedos anéis incrustados de belíssimas pedras preciosas, “lançando raios para todos os lados, cada qual mais belo que o outro”. Em seguida, formou-se em torno da Virgem uma moldura ovalada, no alto da qual estavam escritas em letras de ouro as seguintes palavras, a bela jaculatória: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. Esse foi um sinal do anúncio de que Nossa Senhora é Imaculada, concebida sem pecado original.
Vinte e quatro anos depois, o Papa Pio IX proclamava solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria no dia 8 de dezembro de 1854. Quatro anos após, em Lourdes, Santa Bernadete é inspirada por Maria e escuta a afirmação: “Eu Sou a Imaculada Conceição”. Quantas provas de sua Imaculada Conceição!
Santa Catarina Labouré descreve a Virgem sobre um Globo, a Terra, pisando a cabeça da Serpente e segurando nas mãos um globo menor, oferecendo-o a Deus, num gesto de súplica. E diz a Santa Catarina: “Este globo representa o mundo inteiro e cada pessoa em particular”. De repente, o globo desapareceu e suas mãos se estenderam suavemente, derramando sobre o globo brilhantes raios de luz. E Santa Catarina ouviu uma voz que lhe dizia: “Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança”. Em 1832, uma violenta epidemia de cólera assolou a cidade de Paris. Foram, então, cunhados os primeiros exemplares da medalha, logo distribuídos aos doentes. À vista das graças extraordinárias e numerosas obtidas de Deus por meio dessa medalha, o povo passou a chamá-la de Medalha Milagrosa. Em pouco tempo, essa devoção difundiu-se pelo mundo inteiro, e foi enriquecida com a composição de uma Novena.
Nossa Senhora foi chamada pelo Anjo de “cheia de Graça”; assim, ela intercede por nós junto a Deus e Este lhe atende as súplicas, como nos mostra nas Bodas de Caná da Galiléia. Se os nossos pecados dificultam a nossa comunhão com Deus e nos impedem de obter Suas graças, isto não ocorre com Nossa Senhora, pois, como boa Mãe, ela se põe como nossa magnífica intercessora.
Nossa Senhora das Graças, rogai por nós que recorremos a vós!
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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