sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Os falsos devotos de Maria e o espírito do mundo

Os falsos devotos de Nossa Senhora e a influência do espírito do mundo.
Os falsos devotos de Maria e o espírito do mundo
Nossa Senhora do Bom Sucesso
Na devoção a Nossa Senhora, há falsos devotos, que não desapegam-se do espírito do mundo, por isso não compreendem as “coisas do Espírito de Deus”1. Esses devotos falsos são: os devotos críticos; os devotos escrupulosos; os devotos exteriores; os devotos presunçosos; os devotos inconstantes; os devotos hipócritas; os devotos interesseiros. Estes falsos devotos da Santíssima Virgem Maria, que têm suas características próprias, colocam-se em grande perigo as suas próprias almas e as daqueles que lhes são próximas. Por isso, no início da preparação para a consagração, e também para a renovação, devemos assumir o firme propósito de romper com o espírito do mundo, que é contrário ao Espírito da consagração a Virgem Maria, que é o próprio Espírito Santo. Se não rompemos totalmente com o espírito do mundo, o Espírito de Deus não poderá completar a sua obra em nós através da consagração. Para ajudar a identificar em nós o espírito do mundo, vejamos como ele se manifesta em alguns dos falsos devotos de Nossa Senhora.
Os devotos críticos são sábios orgulhosos, espíritos fortes, que se bastam a si mesmos. No fundo, têm alguma devoção à Virgem Maria, mas criticam quase todas as práticas de devoção que as almas mais simples oferecem singela e santamente a Mãe de Deus. Eles põem em dúvida todos os milagres e histórias que testemunham as misericórdias e o poder da Santíssima Virgem. Veem com desgosto as pessoas simples e humildes ajoelhadas diante de um altar ou de uma imagem da Virgem para aí rezar a Deus. Acusam estas pessoas de idolatria, como se estivessem adorando uma imagem de madeira ou pedra. “Quando lhes referem os louvores admiráveis que os Santos Padres tecem a Nossa Senhora, ou respondem que isso é exagero, ou explicam erradamente as suas palavras. Esta espécie de falsos devotos e de gente orgulhosa e mundana é muito para temer, e causam imenso mal à Devoção a Nossa Senhora, afastando eficazmente dela o povo, sob o pretexto de destruir abusos”2.
Os devotos exteriores são pessoas que diminuem a devoção à Santíssima Virgem somente à práticas externas. “Ficam apenas na exterioridade desta Devoção, por lhes faltar espírito interior. Rezarão muitos terços às pressas; ouvirão muitas Missas sem atenção; irão sem devoção às procissões; entrarão em todas as confrarias de Nossa Senhora sem mudar de vida, sem fazer violência às suas paixões, nem imitar as virtudes desta Virgem Perfeitíssima”3. Esta falta de conversão faz com que os devotos exteriores não se desapeguem do espírito do mundo, e consequentemente não vivam o mais importante da consagração, que é a vida interior. Estes falsos devotos só apreciam o que há de sensível na devoção, sem dar importância ao que tem de sólido. “Se não experimentam prazer sensível nas suas práticas, julgam que já não fazem nada, desorientam-se, abandonam tudo, ou fazem as coisas precipitadamente. O mundo está cheio desta espécie de devotos exteriores, e não há ninguém como eles para criticar as almas de oração”4. Ao contrário, os verdadeiros devotos aplicam-se ao interior, por ser o essencial, sem desprezar a modéstia exterior que acompanha sempre a verdadeira devoção.
“Os devotos presunçosos são pecadores entregues às suas más paixões, ou amigos do mundo”5. Estes são aqueles mais explicitamente apegados ao espírito do mundo. Sob o nome de cristãos e de devotos da Virgem Maria, escondem o orgulho, a avareza, a impureza, a embriaguez, a cólera, a blasfêmia, a maledicência, a injustiça. Estes falsos devotos dormem em paz nos seus maus hábitos, sem se esforçar muito para os corrigir, sob o pretexto de que são devotos de Nossa Senhora. “Dizem para consigo mesmos que Deus lhes perdoará, que não hão de morrer sem confissão e não serão condenados porque rezam o Terço, porque jejuam aos sábados e pertencem à confraria do Santo Rosário ou do escapulário, ou às suas congregações, ou porque trazem o hábito ou a cadeia da Santíssima Virgem. Se alguém lhes diz que a sua devoção não passa de ilusão do demônio e de perniciosa presunção capaz de os condenar, não querem acreditar”6. Dizem que Deus é bom e misericordioso, que não nos criou para a condenação, que todos pecam, o que são verdades. Entretanto, o erro dos presunçosos é acreditar que não morrerão impenitentes e que um bom “pequei”7 na hora da morte será suficiente para salvá-los. “Nada é tão prejudicial no Cristianismo como esta presunção diabólica”8. Pois, podemos dizer que amamos e honramos a Santíssima Virgem, quando ferimos traspassamos, crucificamos e ultrajamos impiedosamente seu Filho Jesus Cristo com o pecado?! “Se Maria se comprometesse a salvar, por misericórdia, esta espécie de pessoas, autorizaria o crime, ajudaria a crucificar e ofender seu Filho! Quem ousará sequer pensar coisa semelhante?!”9.
Portanto, conscientes do mal que é pertencer ao número desses falsos devotos, evitemos pertencer ao número dos devotos críticos, que não acreditam em nada e criticam tudo; dos devotos escrupulosos, que temem ser muito devotos da Santíssima Virgem Maria, por um respeito para com Jesus Cristo, mas ofendendo a Mãe, ofendem também o Filho; dos devotos exteriores, que fazem de toda a sua devoção somente as práticas externas; dos devotos presunçosos, que tentam esconder-se atrás da sua falsa devoção à Nossa Senhora e apodrecem nos seus pecados; dos devotos inconstantes que, por leviandade, variam as suas práticas de devoção, ou as deixam completamente à menor tentação; dos devotos hipócritas, que entram nas confrarias da Mãe de Deus e usam as suas insígnias a fim de se passar por bons; e dos devotos interesseiros, que só recorrem à Rainha do Céu para serem livres dos males do corpo ou para obter bens temporais. Pois, esses falsos devotos da Virgem Maria fazem um grande mal a si mesmos, colocando em risco a sua salvação eterna, e a Igreja, com seus pensamentos mundanos e seus maus exemplos. Se nos identificamos com um ou mais desses devotos falsos, esforcemo-nos para corrigir em nós os seus erros e desapeguemo-nos do espírito do mundo, para entrar no verdadeiro Espírito da consagração, que é o Espírito de Deus. Nossa Senhora do Bom Sucesso, rogai por nós!
Referências:
1 1 Cor 2, 14.
3 Idem, 96.
4 Idem, ibidem.
5 Idem, 97.
6 Idem, ibidem.
7 2 Sm 12, 13; Sl 50.
8 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 98.
9 Idem, ibidem.

Natalino Ueda é brasileiro, católico, missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Filosofia e Teologia. Atualmente é produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina esta devoção, o caminho "a Jesus por Maria", que é o seu maior apostolado.

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