quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O olhar do discípulo amado

No seu Evangelho, João confere a Maria dois lugares-chave: Caná, onde Jesus oficializa o começo da sua vida pública com o primeiro sinal, o do vinho da melhor qualidade; e a Cruz, onde Jesus conclui a sua vida pública. A presença de Maria no primeiro sinal e depois no sinal da Cruz forma o conjunto da vida pública de Jesus.

Isso é intencional no evangelista, que, entre esses dois sinais, tece muitos laços. Em Caná e na Cruz, Maria é a primeira citada. Em Caná e na Cruz, Maria é chamada, por três vezes, Mãe de Jesus e uma vez mulher. Em Caná ainda não era a hora, mas na Cruz era exatamente A HORA. Em Caná, trata-se de água e vinho, ao passo que, na Cruz, do coração do Senhor jorram sangue e água. Em Caná, os convidados recebem de Jesus vinho do melhor para estancar a sede. Na Cruz, é Jesus quem tem sede e dão-lhe de beber vinagre. Em Caná, Jesus espera a fé de Maria; na Cruz, essas coisas foram escritas “para que vós acrediteis” (Jo 19,35). Em Caná, Maria vem em auxílio da fé dos discípulos, ela se põe entre o Filho e os discípulos. No Calvário, ela se acha ao pé da Cruz de Jesus, e o discípulo amado se encontra ao lado dela.

Esses laços todos atestam bem que não é por acaso que João coloca Maria no começo e no fim da vida pública de Jesus. Ele a quer como a personagem por excelência para ser testemunha e modelo.
Ave, Mãe de Deus, mulher pura de Israel.
Ave, tu com seio mais vasto que os céus.
Ave, tu, ó Santa, ó trono celeste!
(Papiro do século VI)

Do livro: Maria dos Evangelhos, publicado por Paulinas.

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