domingo, 21 de setembro de 2014

Pode Nosso Senhor Jesus Cristo ter desprezado a sua mãe?


Na passagem narrada por São Mateus (12, 46-50), seria possível que Nosso Senhor Jesus Cristo tenha desprezado a sua própria mãe?
 “Estando ele ainda a falar ao povo, eis que sua mãe e seus irmãos se achavam fora, desejando falar-lhe. E alguém disse-lhe: “Tua mãe e teus irmãos estão ali fora, e procuram-te”. Ele, porém, respondendo ao que lhe falava, disse-lhe: Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos? E, estendendo a mão para seus discípulos disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Porque todo aquele que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão e irmã e mãe.”
 Este episódio está narrado também no Evangelho de São Marcos, capítulo 3, versísulos 31 a 35:
 “E chegaram sua mãe e seus irmãos; e, estando fora, mandaram-no chamar. E estava sentada à roda dele muita gente, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te buscam lá fora. E ele, respondendo-lhes, disse: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe”.
E, finalmente, no Evangelho de São Lucas, capítulo 8, versículos 19 a 21:
“E foram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele por causa da multidão. E foram dizer-lhe: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te. E ele, respondendo, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus, e a praticam”.
 Assim, se por inspiração do Espírito Santo esse fato está narrado em três dos quatro Evangelhos é porque realmente se trata de um acontecimento particularmente importante. Mas, então, o que quis dizer Nosso Senhor Jesus Cristo?
Não é concebível que Nosso Senhor em algum momento tenha desprezado ou feito pouco caso de sua mãe. Basta recordar a passagem referente ao jovem rico, quando Ele diz que, para entrar no Reino do Céu, é preciso honrar pai e mãe. Ei-la:
 “E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem devo eu fazer para alcançar a vida eterna? Jesus respondeu-lhe: Por que me interrogas acerca do que é bom? Um só é bom, Deus. Porém, se queres entrar na vida eterna, guarda os mandamentos. Quais? Perguntou ele. E Jesus disse: Não matarás; não roubarás; não dirás falso testemunho. Honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo”.
 Nesta passagem Nosso Senhor deseja mostrar, dentre outras questões, que a salvação não estava mais ligada ao sangue do povo judeu e sim que o novo povo de Deus seria baseado na virtude da Fé e na obediência aos Mandamentos de Deus.
No Antigo Testamento, para uma pessoa ser admitida no ‘povo de Deus’ bastava o nascimento. Não era preciso mais nada. Evidente que, por causa disso, os judeus desprezavam aqueles que não faziam parte da ‘raça eleita’, os goyns, os gentios. Nosso Senhor Jesus Cristo queria, então, quebrar a dependência a laços sanguíneos. Alguns versículos antes do episódio com sua mãe, Ele já havia mostrado esse novo modo de formação do povo de Deus:
“Então lhe replicaram alguns dos escribas e fariseus, dizendo: Mestre, nós desejávamos ver algum prodígio teu. Mas ele respondeu-lhes, dizendo: Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio senão o prodígio do profeta Jonas.
Porque, assim como Jonas esteve no ventre da baleia três dias e três noites, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. Os habitantes de Ninive se levantarão no dia do juízo contra esta geração, e a condenarão, porque fizeram penitência com a pregação de Jonas.
E eis aqui está quem é mais do que Jonas. A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo contra esta geração e a condenará, porque veio da extremidade da terra a ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui está quem é mais do Salomão”. (Mateus 12, 38-42)
Ora, a ‘geração perversa e adúltera’ a que Nosso Senhor se referiu são os judeus, a raça eleita. O profeta Jonas não queria pregar em Nínive, como é sabido, porque lá eram todos gentios. No entanto, ele pregou e os ninivitas se converteram.
Da mesma forma, a rainha do Sul, de Sabá, que era uma mulher etíope, de raça negra, que portanto não pertencia ao povo de Israel, ouviu a mensagem de Salomão.
Logo, Nosso Senhor Jesus Cristo está dizendo aos judeus que estavam ao seu redor que passa a valer é a conversão à vontade de Deus, a obediência aos mandamentos e não mais os laços sanguíneos. A nova família de Nosso Senhor será formada por aqueles que fazem a vontade de Deus que está no céu. O novo povo de Deus estará baseado, portanto, na fé.
Nessas condições, Maria Santíssima deve ser honrada e venerada, ademais do fato ter dado a carne ao Salvador (ser a Mãe de Deus), pela sua fé explicitada ao proferir as palavras: “Faça-se em mim segundo a Tua vontade” (Lucas 1, 38).

Fonte http://www.aascj.org.br/home/2013/09/18/pode-nosso-senhor-jesus-cristo-ter-desprezado-a-sua-mae/

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