terça-feira, 30 de setembro de 2014

Maria, o feminino e a maternidade

A feminilidade e a maternidade da Virgem Maria e o seu ser espelho para toda a Igreja.
Maria, o feminino e a maternidadeNa Santíssima Virgem Maria, a feminilidade e também a maternidade se realizaram plenamente. “Ela é espelho da mulher, pois nela se encontra o verdadeiro projeto do Pai em relação às Suas filhas. A sua maternidade, o seu ser esposa e o seu ser filha completam o ser feminino de Maria, e representam tudo o que a mulher pode ser”1. Pois, para a mulher, a maternidade, o ser mãe, é a plenitude do seu ser feminino: “O mistério da feminilidade se manifesta e revela em toda a sua profundidade mediante a maternidade”2. Na Virgem Maria, esta maternidade, que não é apenas biológica, mas também espiritual, assume um caráter eclesial, que diz respeito não somente à todas as mulheres, mas também à toda a Igreja.
Toda mulher é chamada à fecundidade, à maternidade, a gerar um novo ser humano3, seja biológica ou espiritualmente. Como toda a mulher, a Virgem de Nazaré também tinha esta vocação maternal. Entretanto, ela foi escolhida por Deus para uma gravidez incomum, para uma nova maternidade. O Altíssimo escolheu Nossa Senhora para ser a Mãe do Verbo de Deus encarnado, de Jesus Cristo, o Salvador dos homens4. Mais ainda, cooperando de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural, a Virgem Maria tornou-se nossa “mãe na ordem da graça”5. No Calvário, quando Cristo lhe confiou o Discípulo Amado, e nele cada um de nós6, a maternidade de Maria assumiu dimensões universais, tornando-se Mãe de toda a humanidade.
Esta maternidade de Nossa Senhora sobre a humanidade está intimamente relacionada com a Igreja. A maternidade da Virgem Maria, que gerou o Filho Unigênito do Pai por obra do Espírito Santo, é o “fundamento e o modelo do nascimento sacramental de Cristo por obra do Espírito Santo da Virgem Igreja”7. No Sacramento do Batismo, a Igreja torna-se mãe de todos os fiéis por obra do Espírito, permanecendo virgem. Imitando a Mãe de Deus, “a Santa Igreja é virgem e dá à luz”8 e, também à imitação dela, dá à luz e permanece virgem. Tal geração virginal somente é possível graças à ação sobrenatural do Espírito presente nos Sacramentos, especialmente no Batismo. Neste Sacramento, no Espírito Santo, a “Igreja gera os membros de Cristo”9 e nisso ela é semelhante a Virgem Maria, tornando-se ela também mãe dos cristãos. Consequentemente, como membros do Corpo Místico de Cristo, somos também chamados a gerar novos cristãos, no Espírito, especialmente pela caridade, pela pregação e pelo testemunho do Evangelho.
Assista aula do Padre Paulo Ricardo sobre a “Maternidade“: 
Ouça aula do Padre Paulo Ricardo sobre a “Maternidade”: 
A Mãe de Jesus recebeu por graça a mais alta das capacidades de fé e de amor, por isso tornou-se, ao mesmo tempo, “imagem primordial proeminente”10 da Igreja e “modelo a imitar”11. A Igreja já está presente na Encarnação do Verbo, porém ainda não enquanto instituição organizada. “Em Maria a Igreja já assumiu a figura corpórea antes de estar antes de estar organizada em Pedro”12. Como Maria, a Igreja é, desde o princípio, mãe e tem como missão realizar essa maternidade, que significa gerar os filhos de Deus. A Igreja é essencialmente feminina, no sentido que ela é, à semelhança de Maria, esposa e mãe, por isso, deve abrir-se ao Espírito Santo, para que aconteça a geração dos filhos de Deus. A vocação feminina, esponsal e materna da Santíssima Virgem nos ajuda a compreender que “a essência da Igreja é ‘mariana’”13, por isso, antes de ser instituição organizada em Pedro14, a primeira missão da Igreja é ser mariana. Em tempos nos quais a devoção a Maria tem sido esquecida ou desprezada por muitos e vivemos uma espiritualidade restrita à Bíblia e aos Sacramentos, resgatar o ser mariano da Igreja é uma tarefa fundamental para que a Igreja seja o que ela é: mãe!
Assim, a Virgem Maria é a primeira Igreja, o primeiro templo vivo de Deus, por isso, ela não é somente espelho para a mulher, mas também para toda a Igreja. Pois, a vocação materna da Mãe de Deus, o seu ser esposa e Mãe, que completam seu ser feminino, nos ajuda a compreender que também a Igreja é chamada a ser esposa e mãe. Da mesma forma que, para a mulher, a maternidade é a plenitude do seu ser feminino, podemos dizer que, pelo fato da Igreja ter nascido feminina em Maria, o mistério da feminilidade eclesial se manifesta e se revela, em toda a sua profundidade, mediante a maternidade, na geração dos filhos de Deus. Esta maternidade espiritual da Igreja, que se realiza sacramentalmente no Batismo e nos outros sacramentos, se realiza espiritualmente na vida de todos os filhos de Deus que, à semelhança de Maria, se entregam inteiramente à vontade do Senhor15. Nossa Senhora. Mãe da Igreja, rogai por nós!
Referências:
1 ARQUEJADA, SandroMaria: humana como nós. São Paulo: Canção Nova, 2012, p. 36.
3 Cf. Gn 1, 28.
4 Cf. Lc 1, 26-38.
6 Cf. Jo 19, 26.
7 CANTALAMESSA, Raniero. Maria, um espelho para a IgrejaAparecida: Santuário, 1992, p. 164.
8 Id., ibid.
9 Id., p. 165.
10 RATZINGER, Cardeal Joseph; BALTHASAR, Hans Urs Von. Maria, Primeira IgrejaCoimbra: Coimbra, 1997, p. 109.
11 Id., ibid.
12 CHAGAS, Francisco das. “O perfil mariano da Igreja”. in Maria no coração da Igreja: múltiplos olhares sobre a Mariologia. São Paulo: Paulinas, 2011, p. 106.
13 Id., ibid.
14 Cf. Mt 16, 18.
15 Cf. Lc 1, 38.

Natalino Ueda é brasileiro, católico, missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Filosofia e Teologia. Atualmente é produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina esta devoção, o caminho "a Jesus por Maria", que é o seu maior apostolado.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ave Maria, Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus.


Bendita seja a tua sublimada esfinge, também, no coração dos pagliaccios – homens e mulheres – de todas esferas da existência humana.
Abençoai aqueles que, com a sua arte milenar de representação, alegram as crianças de todas as idades,
seja nos picadeiros cobertos de lona,
seja nos hospitais e nos presídios.
Ave Maria que é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus.
Protegei aqueles que sabem na dramaturgia da existência, revelar os bastidores de nossa alma,
a essência da representação do humano,
às vezes demasiadamente humano.
Docíssima Maria, Mãe do Sumo Sacerdote dos bens vindouros, faz cair teu manto sobre esses trabalhadores da alegria
num mundo com tantas dores,
medos,
contradições,
tristezas.
Ave Maria que é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus.
Da mesma forma como nos tempos de Josué,
o Senhor impediu que as águas do Jordão tocassem a Arca da Aliança,
o Senhor também impediu que as torrentes do pecado original tocassem a tua alma num momento único na Humanidade, de tua conceição, com o fim de preparar o tabernáculo pelo qual Cristo viria.
Ave Maria, que é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus.
Ave Maria, que é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus.
Rogo nesta hora, que faças cair o teu olhar de Santíssima Mulher sobre os palhaços de todos os hemisférios, sejam aqueles com rosto e nariz pintados,
sejam os que, sem saberem, perdidos na multidão,
são também palhaços.
Ave Maria que é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus, Aquele que conduz a nave do Sol.
Assim seja!

Fonte Por Antônio Campos
http://fliporto.net/2013/ave-maria-mae-de-deus-porque-e-mae-de-jesus-que-e-deus/

domingo, 28 de setembro de 2014

Maria, Rainha dos santos anjos

A Santíssima Virgem Maria foi elevada à dignidade de Mãe de Deus e é honrada com o título glorioso de Rainha de todos os anjos e santos. Pois, se Jesus Cristo, seu Filho, é o Rei do Universo, em respeito e em honra a Ele, a sua Mãe deve ser considerada e chamada como Rainha. Desde o seu consentimento em ser a Mãe do Verbo de Deus encarnado1, Nossa Senhora mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas. Se a carne de Maria é a mesma de Jesus, o Reino do Filho não pode ser separado da Mãe. Se Jesus é Rei do Universo, Maria é Rainha do Universo e, por isso, as criaturas que servem o Senhor, devem também servir a Senhora. “Por conseguinte, estão sujeitos ao domínio de Maria os anjos, os homens e todas as criaturas do Céu e da Terra”2.
Para compreender melhor a dignidade real da Virgem Maria, comparemos a sua missão com a dos santos arcanjos. Em primeiro lugar, falemos do arcanjo São Rafael, o anjo da cura de Deus. Rafael aparece na vida de Tobias para, entre outras coisas, salvar o seu casamento com Sara, que era viúva de sete maridos3. O Arcanjo indicou a Tobias como ele deveria proceder para livrar-se do poder do Demônio4 e obter para si, para a esposa e os filhos a benção prometida por Abraão5. A Mãe de Deus veio ao mundo, não para resolver o problema de um casamento comum, entre um homem e uma mulher, mas para que nela se realizasse a união entre Deus e o homem, entre a humanidade e a divindade. Em Maria tem início as núpcias escatológicas do seu Filho, o Cordeiro divino, com a sua esposa, que é a Igreja. Nossa Senhora Rainha é a esposa sem ruga e sem mancha, à qual somos chamados a nos unir para desposar o Esposo divino6.
O arcanjo São Gabriel é o mensageiro de Deus, o Anjo da Anunciação7. O anjo Gabriel foi enviado a Nazaré para anunciar a uma virgem a Encarnação do Verbo. No seu encontro com a Virgem de Nazaré, Gabriel saudou-a: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”8. Tal saudação aponta para o reconhecimento da dignidade daquela mulher, a quem todas as gerações proclamarão bem-aventurada9. Chama a atenção o fato de esta é a única saudação angélica dirigida a uma pessoa humana que temos conhecimento da Palavra de Deus. Diferente do Anjo, a Virgem Imaculada não veio ao mundo para anunciar a vinda de Deus ao mundo, mas para gerar e dar à luz Jesus Cristo, o Filho de Altíssimo10, o Verbo de Deus encarnado.
São Miguel Arcanjo, cujo nome significa “quem como Deus”, aparece no Antigo Testamento pelo menos três vezes no livro de Daniel, como defensor do Povo de Israel e chefe supremo do exército celeste11. Por sua vez, a Virgem Maria é Rainha de todos os anjos e santos. No Novo Testamento, São Miguel é apresentado como adversário do Demônio, vencedor da última batalha contra Satanás e seus seguidores12. Nossa Senhora é, desde o livro do Gênesis, a inimiga por excelência da serpente13. A descendência de Maria, que somos nós, é chamada a imitá-la na luta contra o mal. Na Primeira Carta aos Tessalonicenses, Miguel é identificado como o Arcanjo anônimo que precederá o momento da ressurreição final14. A Santíssima Virgem é a mulher vestida com o sol, que tem a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas15. Maria nos precede no Reino dos Céus, está ressuscitada, de corpo e alma, sentada à direita de Jesus Cristo, Rei do Universo, ela que é a Rainha dos Anjos e dos Santos.
Para compreender ainda mais a grandeza da Virgem Maria, a comparemos Lúcifer. Ele foi a criatura mais perfeita criada por Deus. Maria não foi a criatura mais perfeita, apesar da sua Imaculada Conceição, mas tornou-se a criatura mais perfeita. Lúcifer era a criatura mais perfeita, mais cheia de luz, porém, na sua soberba, não quis servir, não quis obedecer. Por isso, de uma das mais altas hierarquias dos anjos ele precipitou no inferno mais profundo. Maria foi criada imperfeita porque tinha um um corpo humano, frágil, como o de cada um de nós. O anjo é superior ao ser humano, pois não tem corpo, é um ser espiritual. Apesar de sua fragilidade, Maria fez-se pequena diante de Deus e, por causa da sua humildade, deixou-se modelar completamente por Ele. Por sua docilidade à vontade de Deus16, a Santíssima Virgem tornou-se a criatura mais perfeita e está acima dos serafins, dos querubins, dos anjos mais altos da hierarquia celeste. Ela está no Céu, intercedendo por cada um de nós, por isso nos confiemos inteiramente aos cuidados da Virgem Maria e deixemo-nos moldar por ela à imagem de Jesus Cristo. Nossa Senhora, Rainha dos Anjos, rogai por nós!
Referências:
1 Cf. Lc 1, 38.
2 SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIOGlórias de Maria. 3ª ed. Aparecida: Santuário, 1989, p. 35.
3 Cf. Tob 6, 14-22.
4 Cf. Tob 6, 16-17.
5 Cf. Tob 6, 22.
6 Cf. Ap 21, 9.
7 Cf. Lc 1, 26.
8 Lc 1, 28.
9 Cf. Lc 1, 48.
10 Cf. Lc 1, 32.
11 Cf. Dn 10, 13.21; 12, 1.
12 Cf. Ap 12, 7-8.
13 Cf. Gn 3, 15.
14 1 Ts 4, 16.
15 Cf. Ap 12, 1.
16 Cf. Lc 1, 38.

Natalino Ueda é brasileiro, católico, missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Filosofia e Teologia. Atualmente é produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina esta devoção, o caminho "a Jesus por Maria", que é o seu maior apostolado.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Maria, tu nos conheces!


Cada mulher seja uma cópia da Mãe de Deus, seja uma esposa de Cristo, seja uma apóstola do Coração Divino. Todas, então, corresponderão plenamente à sua vocação feminina, independentemente das circunstâncias e das atividades exteriores nas quais realizam as tarefas desenvolvidas.

Que possamos voltar o olhar à Mãe de Deus, Maria, nas bodas de Caná. O seu olhar silencioso e perscrutador observa tudo e repara onde falta alguma coisa. E antes que alguém perceba e ocorra algum embaraço, ela já prestou a sua ajuda. Encontra meios e modos, dá as indicações necessárias, e isso tudo em silêncio, sem deixar perceber nada.

Maria, hoje permaneci contigo sob a cruz e jamais sentira tão claramente que foi sob a cruz que te tornaste nossa Mãe. Como a fidelidade de uma mãe da terra não escutaria solícita a última vontade do filho?

Maria, tu nos conheces a todos: nossas feridas, nossas chagas, tu conheces também o esplendor celeste que o amor de teu Filho quer difundir sobre nós na claridade eterna. Assim, guia solícita nossos passos.

Por Santa Teresa Benedita da Cruz

Fonte
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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O Papa Leão XIII e a sua devoção a Maria

O Sumo Pontífice Papa Leão XIII nutriu uma profunda devoção a Virgem Maria desde a sua infância.
O Papa Leão XIII e a sua devoção a Maria
Papa Leão XIII
Durante o seu pontificado, o Papa Leão XIII frequentemente deu ao povo de Deus públicas provas de confiança, piedade e devoção para com a Santíssima Virgem Maria. O Santo Padre, Gioacchino Pecci (1878-1903), sempre nutriu esta devoção, desde os seus mais tenros anos, e depois, durante toda a sua vida, se esforçou para alimentar e aumentar seu amor para com a Mãe de Deus. O Pontífice não somente tinha uma particular devoção para com Nossa Senhora, mas também recomendou com fervor apostólico o amor a Virgem Maria. Considerando que ele viveu em tempos difíceis para a Igreja e cheios de perigos para a sociedade civil, compreendemos facilmente o quanto era útil recomendar, com máximo calor, esse baluarte de salvação e de paz, que Deus, na sua infinita misericórdia, quis dar à humanidade, na pessoa de sua augustíssima Mãe. Esta, que depois Ele tornou insigne na história da Igreja por uma série ininterrupta de acontecimentos favoráveis.
Leão XIII muito falou e escreveu sobre a Virgem Maria, incentivando sempre a sua devoção. Durante o seu pontificado, ele escreveu 26 cartas somente sobre o Santo Rosário da Virgem Maria. Todos os anos, nos meses de setembro e outubro, o Papa escrevia sobre esta devoção, sendo um dos grandes propagadores do Rosário do século XX. Os fiéis católicos corresponderam aos seus votos e às suas exortações com múltiplas e solícitas iniciativas, especialmente reavivando a devoção do Rosário, com abundantes missões de esplêndidos frutos. Segundo o Pontífice, nós não podemos cansar de exaltar a Mãe de Deus, que é verdadeiramente digníssima de todo louvor, nem de manifestar um terno amor para com ela, que também é Mãe dos homens, e que é cheia de misericórdia e cheia de graça. Quanto mais a sua alma, fatigada pelas solicitudes apostólicas, sente aproximar-se a hora da sua partida, tanto mais ardente e confiantemente volveu o seu olhar para aquela que é a aurora bendita da qual surgiu o dia de uma felicidade eterna, de uma alegria sem ocaso1.
No quinquagésimo aniversário da sagração episcopal de Leão XIII, católicos de todo o mundo, juntos como filhos em torno do Pai, fizeram-se presentes numa esplêndida manifestação de fidelidade e de amor. Por isso, com renovada gratidão, o Santo Padre reconheceu e exaltou um desígnio da Divina Providência sumamente benévolo para com ele, e, ao mesmo tempo, muito proveitoso para a sua Igreja. Nessa ocasião, sentiu-se impelido a saudar e louvar também a augusta Mãe de Deus, que deste benefício foi a poderosa mediadora junto a Deus. A singular bondade da Virgem Maria, que no longo e mutável período da sua vida ele experimentou, de vários modos eficaz, brilhava cada dia mais e manifestava-se diante dos seus olhos, ferindo suavissimamente o seu coração, robustecendo-o com confiança sobrenatural.
O Papa Leão XIII parecia ouvir a própria voz da Rainha do Céu, que ora benevolamente encorajava-o no meio das terríveis adversidades da Igreja, ora ajudava-o, com abundância de inspirações, nas decisões a tomar para o bem comum, ora também advertia-o a estimular o povo cristão à piedade e ao culto da virtude2. Muitas vezes, foi para ele um grato dever de corresponder a estes desejos da Virgem Maria. Entre estas moções, que com a bênção da Mãe de Deus recebemos em suas exortações, justo é recordar o extraordinário desenvolvimento da devoção do Santo Rosário, pelo seu incremento, pela constituição de confrarias sob este título e pela divulgação de escritos doutos e oportunos, ou ainda pela inspiração dada para a criação de verdadeiras obras-primas artísticas.
O Papa Leão XIII sempre exortava a consagrarmos o mês de Outubro a beatíssima Virgem, Maria, o que acarretou em toda parte uma poderosa floração do Rosário entre os católicos. Tendo em vista que os tempos, prenunciadores de desgraças para a Igreja e para a sociedade, exigiam o auxílio poderoso de Deus, o Santo Padre achou seu dever implorá-lo justamente mediante a intercessão de Nossa Senhora, especialmente com a oração do Rosário, cuja salutar eficácia o povo cristão sempre experimentou. Desde as origens, o Rosário mariano manifestou sua eficácia na defesa da fé e no reavivar das virtudes que haviam sido sufocadas pela corrupção do mundo. Em nossos dias, suas palavras continuam a ecoar como um contínuo apelo à oração: “olhando em volta, Veneráveis Irmãos, vós mesmos vedes que ainda permanecem, e em parte agravados, os motivos para convidarmos, ainda este ano, os vossos fiéis a reavivarem o fervor das suas súplicas para com a Rainha do Céu”3. Recorramos ao Santo Rosário, à sua excelência e utilidade, conforme a recomendou Leão XIII, difundindo sempre mais o conhecimento e a prática desta oração mariana. Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
Referências:
1 PAPA LEÃO XIII. Carta Encíclica Fidentem Piumque Animum, 1.

2 PAPA LEÃO XIII. Carta Encíclica Laetitiae Sanctae, 1.

3 PAPA LEÃO XIII. Carta Encíclica Iucunda Semper Expectatione, 1.

Natalino Ueda é brasileiro, católico, missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Filosofia e Teologia. Atualmente é produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina esta devoção, o caminho "a Jesus por Maria", que é o seu maior apostolado.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A Bíblia e o culto a Maria



A inspiração bíblica no culto e na devoção a Virgem Maria.

O culto e a devoção a Santíssima Virgem Maria tem na Bíblia um ponto de referência necessário, pois a verdadeira piedade mariana não pode deixar de ter como centro seu Filho Jesus Cristo, o Verbo de Deus encarnado. A necessidade de um cunho bíblico em toda e qualquer forma de culto faz parte da piedade cristã de todos os tempos, especialmente em nossos dias. “O progresso dos estudos bíblicos, a crescente difusão das Sagradas Escrituras e, sobretudo, o exemplo da tradição e a íntima moção do Espírito, orientam os cristãos do nosso tempo para servir-se cada dia mais da Bíblia, qual livro fundamental de oração e para tirar dela genuína inspiração e modelos insuperáveis”1. Por isso, o culto à bem-aventurada Virgem Maria não pode ser dispensado desta orientação geral da piedade cristã. Ao contrário, o culto mariano deve ele inspirar-se particularmente nesta orientação bíblica, para adquirir novo vigor e dela tirar seguro proveito.

A Bíblia apresenta-nos o desígnio de Deus em relação à salvação dos homens de modo admirável. A Palavra de Deus está impregnada do mistério de Jesus Cristo e também, do Gênesis ao Apocalipse, de referências a Virgem Maria, Mãe e cooperadora do Salvador. O cunho bíblico da devoção mariana exige o uso diligente de textos e símbolos sabiamente tirados das Sagradas Escrituras, mas também requer que as fórmulas de oração e os textos destinados ao canto assumam os termos e a inspiração da Bíblia. Exige principalmente que o culto à Virgem Santíssima seja inspirado nos grandes temas da mensagem cristã, a fim de que nós, ao mesmo tempo que veneramos aquela que é a Sede da Sabedoria, sejamos também iluminados pela luz da Palavra de Deus e levados a agir segundo as exigências do Verbo encarnado.

Em nosso tempo, marcado pelo crescente desenvolvimento das ciências, inclusive da teologia bíblica, somos chamados a valorizar o conhecimento da realidade à luz da Palavra de Deus e confrontar as realidades humanas com a figura da Virgem Maria, conforme o Evangelho. Desse modo, a leitura das Sagradas Escrituras – feita sob a ação do Espírito Santo, tendo presentes as recentes descobertas das ciências humanas e as várias situações do mundo atual – nos levará a descobrir que Nossa Senhora pode ser tomada como modelo naquilo que desejam ardentemente os homens e mulheres do nosso tempo.

A mulher de hoje, desejosa de participar no poder de decisão nas opções da comunidade, contemplará com íntima alegria a Virgem Santíssima, que dá o seu consentimento ativo e responsável2, não para a solução de um problema qualquer, mas sim na obra da salvação da humanidade, na Encarnação do Verbo3 e na maternidade espiritual sobre todos os redimidos por Cristo4. A mulher se dará conta de que a escolha da virgindade por parte de Maria, que no desígnio de Deus a dispunha para o mistério da Encarnação, não foi um fechamento aos valores do matrimônio, mas uma opção corajosa de consagrar-se totalmente ao amor de Deus. As mulheres do nosso tempo verificarão, com grata surpresa, que Maria de Nazaré, apesar de absolutamente abandonada à vontade do Senhor, longe de ser uma mulher passivamente submissa ou que vive uma religiosidade alienante, foi uma mulher que não duvidou de prevenir-se de que Deus é vingador dos humildes e dos oprimidos e derruba dos seus tronos os poderosos do mundo5. As mulheres reconhecerão em Maria, “a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor”6, uma mulher forte, que conheceu de perto a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio7, situações que não podem escapar à atenção de quem quiser favorecer, com Espírito evangélico, as energias libertadoras do homem e da sociedade. A Virgem Maria não foi uma mãe ciumenta, voltada somente para o próprio Filho, mas aquela Mulher que, com a sua ação, favoreceu a fé da comunidade apostólica, em Cristo8, e cuja função materna se dilatou, assumindo no Calvário dimensões universais9.

Ouça aula do Padre Paulo Ricardo sobre “As Sagradas Escrituras e a nossa vida espiritual”:



Nesses exemplos tirados da Bíblia transparece claramente que a figura da Virgem Santíssima não desilude as nossas aspirações mais profundas, mas até oferece-nos o modelo acabado do discípulo de Jesus Cristo: de trabalhador da cidade terrena e temporal e, ao mesmo tempo, de peregrino, que tem sabedoria e iniciativa, e que caminha em direção à cidade celeste e eterna; de promotor da justiça, que liberta o oprimido e da caridade, que socorre o necessitado; e de testemunha operosa do amor, que leva Jesus Cristo aos corações.

Assim, o genuíno culto a Santíssima Virgem Maria deve ser sólido em seu fundamento, que é a Revelação, ou seja, a Sagrada Tradição e a Palavra de Deus, e prestar particular atenção aos documentos do Magistério da Igreja, que é o único e o verdadeiro intérprete das Sagradas Escrituras. Os ensinamentos do Magistério nos levam à finalidade última do culto a Virgem Maria, que é glorificar Deus e levar-nos a uma vida absolutamente conforme a Sua vontade. Quando juntamos as nossas vozes à da mulher anônima do Evangelho, exaltamos a Mãe da Igreja ao exclamar, dirigindo-nos como ela a Jesus: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!”10, e somos induzidos a considerar a grave resposta do Mestre: “Felizes antes os que ouvem a Palavra de Deus e a observam!”11. Esta resposta, se por um lado resulta num evidente louvor a Santíssima Virgem, como interpretaram alguns Santos Padres12 e confirmou o Concílio Vaticano II13, por outro lado, ressoa para nós também como uma advertência para vivermos os mandamentos de Deus, como um eco de outras admoestações do Salvador: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor! Senhor!’ entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus”14; e “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos ordenei”15. Nossa Senhora, Mãe do Verbo de Deus, rogai por nós!


Referências:
1 PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis Cultus, 30.
2 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 56.
3 Cf. São Pedro Crisólogo, Sermo CXLIII: PL 52, 583.
4 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 61.
5 Cf. Lc 1, 51-53
6 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 55.
7 Cf. Mt 2, 13-23.
8 Cf. Jo 2, 1-12.
9 Cf. PAPA PAULO VI, Exortação Apostólica Signum Magnum, I: AAS 59 (1967), p. 467-468.
10 Lc 11, 27.
11 Lc 11, 28.
12 Santo Agostinho, In Iohannis Evangelium, Tractatus X, 3: CCL 36, pp. 101.102; Epistula 243, Ad Laetum, n. 9. CSEL 57, p. 575-576; São Beda, In Lucae Evangelium expositio, N, xi, 28: CCL 120, p. 237; Homilia I, 4: CCL 122, p. 26-27.
13 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 58.
14 Mt 7, 21.
15 Jo 15, 14.

Fonte

Natalino Ueda é brasileiro, católico, missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Filosofia e Teologia. Atualmente é produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Na consagração a Virgem Maria, segundo o Tratado de São Luís Maria, descobriu um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina esta devoção, o caminho "a Jesus por Maria", que é o seu maior apostolado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Quem é o Arcanjo Gabriel?

Gabriel Arcanjo é o anunciador por excelência das revelações divinas
De todos os anjos, de todas as hierarquias, Gabriel, Rafael e Miguel são os únicos que a Igreja reconhece pelos nomes, que estão revelados na Sagrada Escritura.Os Arcanjos pertencem a terceira hierarquia (Principados, Arcanjos e Anjos), que são aqueles que executam às ordem de Deus e por isso estão mais perto de nós.
Quem é o Arcanjo Gabriel - 940x500
Gabriel Arcanjo é o anunciador por excelência das revelações divinas. Seu nome significa “Emissário do Senhor” ou “Deus é meu protetor” ou ainda “Homem de Deus”. O Antigo Testamento já retrata sua presença trazendo boas novas da parte do Altíssimo, explicando a Daniel a visão que este profeta teve (cf. Dn 8, 16ss), e depois o destino favorável ao povo de Israel quando estavam no exílio (cf. Dn 9, 21ss).
No Novo Testamento, é Gabriel que anuncia ao sacerdote Zacarias que Isabel, sua mulher, lhe daria um filho profeta, João Batista (cf. Lc 1, 13ss). Coube ainda ao Arcanjo Gabriel proclamar a maior notícia de todos os tempos para nós seres humanos, a encarnação e nascimento do Filho de Deus em nosso meio (cf. Lc 1, 26ss) para nos salvar.
Gabriel conhecedor dos mais profundos mistérios de Deus, foi quem anunciou a Maria que ela era cheia de graças e a escolhida a ser mãe do Salvador. Pelas palavras do Arcanjo, Nossa Mãe e Senhora foi entendendo a ação do Espírito Santo nela e assim preparou-a para sua missão. Também foi da saudação angélica que temos hoje uma das orações mais difundidas e queridas do catolicismo, a Ave Maria “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo.” (Lc 1, 28).
Então, diante de tudo isso lhe pergunto: Você está precisando de boas novas vindas de Deus? Qual é a grande notícia que você aguarda ou que necessita para este tempo?
O próprio anjo diz de si “Eu sou Gabriel, e estou sempre na presença de Deus. Eu fui enviado para falar contigo e anunciar-te esta boa nova” (Lc 1, 19). Creia nisso! Se você pedir, ele virá e comunicará o que Deus quer de você, pois é desejo do Senhor transmitir Seus planos “O Senhor não faz coisa alguma sem revelar seus planos aos profetas, seus servos.” (Am 3, 7).
Deus quer entrar e interagir em sua vida, transmitindo-lhe sabedoria e discernimento, quer cuidar de você com carinho e amor. E para isso, usa de Seus mensageiros, os anjos. Como Arcanjo da revelação, Gabriel conhece a nossa realidade e os aspectos que nos envolvem.
Reze! E que as orações e devoções a este servo tão próximo do trono de Deus faça desprender do Céu uma chuva de promessas, profecias e mensagens do Senhor para sua vida. Que ao exemplo de Nossa Senhora e dos profetas, a força da revelação feita por esse servo angélico, prepare e impulsione sua alma para a missão e as novidades que hão de vir.
São Gabriel Arcanjo, rogai por nós!

Sandro Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.

domingo, 21 de setembro de 2014

Pode Nosso Senhor Jesus Cristo ter desprezado a sua mãe?


Na passagem narrada por São Mateus (12, 46-50), seria possível que Nosso Senhor Jesus Cristo tenha desprezado a sua própria mãe?
 “Estando ele ainda a falar ao povo, eis que sua mãe e seus irmãos se achavam fora, desejando falar-lhe. E alguém disse-lhe: “Tua mãe e teus irmãos estão ali fora, e procuram-te”. Ele, porém, respondendo ao que lhe falava, disse-lhe: Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos? E, estendendo a mão para seus discípulos disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Porque todo aquele que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão e irmã e mãe.”
 Este episódio está narrado também no Evangelho de São Marcos, capítulo 3, versísulos 31 a 35:
 “E chegaram sua mãe e seus irmãos; e, estando fora, mandaram-no chamar. E estava sentada à roda dele muita gente, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te buscam lá fora. E ele, respondendo-lhes, disse: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe”.
E, finalmente, no Evangelho de São Lucas, capítulo 8, versículos 19 a 21:
“E foram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele por causa da multidão. E foram dizer-lhe: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te. E ele, respondendo, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus, e a praticam”.
 Assim, se por inspiração do Espírito Santo esse fato está narrado em três dos quatro Evangelhos é porque realmente se trata de um acontecimento particularmente importante. Mas, então, o que quis dizer Nosso Senhor Jesus Cristo?
Não é concebível que Nosso Senhor em algum momento tenha desprezado ou feito pouco caso de sua mãe. Basta recordar a passagem referente ao jovem rico, quando Ele diz que, para entrar no Reino do Céu, é preciso honrar pai e mãe. Ei-la:
 “E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem devo eu fazer para alcançar a vida eterna? Jesus respondeu-lhe: Por que me interrogas acerca do que é bom? Um só é bom, Deus. Porém, se queres entrar na vida eterna, guarda os mandamentos. Quais? Perguntou ele. E Jesus disse: Não matarás; não roubarás; não dirás falso testemunho. Honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo”.
 Nesta passagem Nosso Senhor deseja mostrar, dentre outras questões, que a salvação não estava mais ligada ao sangue do povo judeu e sim que o novo povo de Deus seria baseado na virtude da Fé e na obediência aos Mandamentos de Deus.
No Antigo Testamento, para uma pessoa ser admitida no ‘povo de Deus’ bastava o nascimento. Não era preciso mais nada. Evidente que, por causa disso, os judeus desprezavam aqueles que não faziam parte da ‘raça eleita’, os goyns, os gentios. Nosso Senhor Jesus Cristo queria, então, quebrar a dependência a laços sanguíneos. Alguns versículos antes do episódio com sua mãe, Ele já havia mostrado esse novo modo de formação do povo de Deus:
“Então lhe replicaram alguns dos escribas e fariseus, dizendo: Mestre, nós desejávamos ver algum prodígio teu. Mas ele respondeu-lhes, dizendo: Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio senão o prodígio do profeta Jonas.
Porque, assim como Jonas esteve no ventre da baleia três dias e três noites, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. Os habitantes de Ninive se levantarão no dia do juízo contra esta geração, e a condenarão, porque fizeram penitência com a pregação de Jonas.
E eis aqui está quem é mais do que Jonas. A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo contra esta geração e a condenará, porque veio da extremidade da terra a ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui está quem é mais do Salomão”. (Mateus 12, 38-42)
Ora, a ‘geração perversa e adúltera’ a que Nosso Senhor se referiu são os judeus, a raça eleita. O profeta Jonas não queria pregar em Nínive, como é sabido, porque lá eram todos gentios. No entanto, ele pregou e os ninivitas se converteram.
Da mesma forma, a rainha do Sul, de Sabá, que era uma mulher etíope, de raça negra, que portanto não pertencia ao povo de Israel, ouviu a mensagem de Salomão.
Logo, Nosso Senhor Jesus Cristo está dizendo aos judeus que estavam ao seu redor que passa a valer é a conversão à vontade de Deus, a obediência aos mandamentos e não mais os laços sanguíneos. A nova família de Nosso Senhor será formada por aqueles que fazem a vontade de Deus que está no céu. O novo povo de Deus estará baseado, portanto, na fé.
Nessas condições, Maria Santíssima deve ser honrada e venerada, ademais do fato ter dado a carne ao Salvador (ser a Mãe de Deus), pela sua fé explicitada ao proferir as palavras: “Faça-se em mim segundo a Tua vontade” (Lucas 1, 38).

Fonte http://www.aascj.org.br/home/2013/09/18/pode-nosso-senhor-jesus-cristo-ter-desprezado-a-sua-mae/

A mais longa viagem que podemos fazer é para dentro do nosso próprio coração.


Quem não aprende a viver consigo mesmo dificilmente conseguirá conviver com o próximo.
A vida é uma difícil aventura de viver consigo mesmo. Muito daquilo que vemos no outro é apenas reflexo do que nossa alma insiste em não aceitar. A este sentimento denominamos “projeção”. O outro, por vezes, se torna um espelho diante de uma realidade que não aceitamos em nós mesmos. A mais longa viagem que podemos fazer é para dentro do nosso próprio coração. Em territórios desconhecidos, os sentimentos, ainda não reconciliados com nosso coração, sempre são inimigos a serem combatidos em uma guerra sem fim. Entre o coração e a solidariedade há uma ponte de amor a ser atravessada.
Quem não aprende a viver consigo mesmo dificilmente conseguirá conviver com o próximo. Encontrar-se é uma arte. Somente quando aprendemos a caminhar com leveza, por entre os espinhos de nossa alma, é que conseguimos observar que as flores também se encontram lá, por vezes escondidas entre as ervas daninhas de nossa pressa existencial. O fruto da vida só é doce quando temos a coragem de vivenciar os processos de amadurecimento dos sentimentos que amargam a nossa história.
Muitos se acostumaram a fazer da vida um eterno plantão de reclamações. Acordam pela manhã reclamando do trabalho e das pessoas com quem terão de conviver durante o dia. Passam o dia reclamando de pequenas coisas que já se tornaram, em sua vida, montanhas de aborrecimentos. Aquilo que não aceitamos cria raízes em nossa alma.
Pessoas que se encontram nesta etapa de intolerância geralmente não consideram ninguém digno de confiança, não possuem amigos nem suportam ninguém. Não têm confiança em ninguém, porque não confiam em si mesmas; não têm amigos, porque são inimigas de si mesmas; não suportam nenhuma pessoa, porque não suportam mais a condição existencial na qual se encontram.
Muito mais triste do que reclamar, é alguém ter que conviver com todos esses sentimentos que fazem da alma um espaço de trevas, no qual as luzes do amor, da bondade e da paz não conseguem entrar. Acostumou-se a viver na escuridão de seus próprios sentimentos. Enxergar a luz do sol do amor e da paz é tão doloroso quanto assumir os erros diante das realidades tão claras na vida.
A mudança interior começa quando assumimos a nossa responsabilidade diante das escolhas que fazemos na vida. Não adianta culpar o outro pelo mundo que criamos em nosso coração. Somos os artesãos de nossas dores e alegrias. Por vezes, será preciso nos aventurarmos na descoberta de nós mesmos e adquirirmos a consciência das trevas que habitam nosso coração, e lutarmos para vencer uma batalha, na qual a luz será sempre um caminho a ser reencontrado.
Quem deseja enganar a si mesmo, com as ilusões que cria diante dos próprios erros, faz da vida uma mentira e se perde nos territórios paganizados de sua alma.
Jesus conhecia o coração do ser humano, por isso mesmo o Seu olhar era sempre de misericórdia. Os erros de um tempo passado só poderiam ser deixados para trás se a pessoa aceitasse trilhar novos caminhos ao encontro de si mesma.
A cada dia somos chamados a fazer da vida a mais bela escola, na qual cada erro se torna oportunidade de crescimento humano e espiritual. O futuro é o presente que construímos em nós mesmos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Coração de Mulher: Como lidar com a idade



Para a mulher, lidar com os anos que passam pode ser motivo de angústia e desespero.
Então, que tal um encontro sincero hoje com o espelho? Mas não só o espelho físico, que mostra os sinais do tempo, mas também com um espelho emocional, espiritual, afetivo e profissional? Que tal um balanço geral no qual possamos relacionar nossas conquistas, vitórias e seus aprendizados? E que tal olhar para pessoas – a quem admiramos e têm mais anos de vida do que nós que já alcançaram fases que ainda esperamos viver – e observar a beleza por elas conquistada?
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Dependendo da perspectiva em que nós mulheres nos colocamos, lidar com os anos que passam pode ser motivo de angústia e desespero, uma tentativa insana de lutar contra o tempo, enquanto que para outras pode ser o tempo de consolidar uma história com sabedoria e serenidade.
Como é bonito observar uma mulher independente e segura em sua fase madura, com os filhos já crescidos, a vida profissional estabilizada, buscando fazer suas contribuições únicas a um mundo que já lhe deu tanto até aquele momento! Quanto de emoção pode despertar uma mulher de 70 ou 80 anos, com seus cabelos brancos, suas mãos trêmulas, e um sorriso no rosto ao olhar para aquela foto amarela na parede, ao receber um abraço do seu neto e entusiasmada ao apagar mais uma vela do seu bolo de aniversário.
Parece que o caminho para usufruirmos das vantagens de um envelhecimento tranquilo é desenvolvermos a capacidade  de vivenciá-lo com alegria. Começa com um olhar diferente e amoroso para nós mesmas e para nossa história, para o nosso corpo e para as marcas que nele existem. Contemplar nosso passado em toda sua integridade, em toda sua plenitude, com as vitórias e conquistas, com as dores e fracassos, e tudo aquilo que nos fez ser quem somos. Sem culpa ou remorsos, sabendo que, apesar de nossas fraquezas, fomos o melhor que podíamos ser dentro dos nossos limites e possibilidades.
Olhar-se com amor, com carinho e com cuidado nos leva  a sentir o delicioso sabor de verdadeiramente envelhecer com alegria! Quando conseguimos olhar para os mais jovens e já não desejamos ser como eles, pois existe algo dentro de nós que é muito sólido, que é belo, que é único e que nós só adquirimos com as experiências vividas ao longo dos anos e hoje não trocamos isso por uma pele mais lisa ou por um corpo mais definido.
Com o passar dos anos vivemos muitas desilusões, perdemos pessoas amadas, tivemos nosso coração ferido muitas vezes e muitas expectativas que alimentamos ao longo da vida foram frustradas. Mas foram justamente estas vivências que nos tornaram mais humanas, mais tolerantes, mais capazes de amar e aceitar os outros como são, sem querer mudá-los e adequá-los aos nossos desejos.
À medida que os anos se passam e a idade avança incorporamos os desafios e os aprendizados das fases anteriores, nos tornando pessoas melhores e mais preparadas para cumprir os objetivos da fase seguinte. Independentemente de nossa idade, que tenhamos sempre novos projetos de vida. E que não tenhamos medo de sonhar nem deixar de pedir a Deus a graça de nos ajudar a tornar esses projetos uma realidade trabalhando em nossas almas e nos dando forças e entusiasmo para realizá-los.
Saber envelhecer é, antes de tudo, uma atitude. E atitudes são comportamentos ditados pela nossa vontade numa disposição interior que nos leva a agir em direção aos nossos objetivos. A tristeza, o sentimento de solidão e abandono e a depressão são obstáculos para uma velhice saudável.  Não há vacina, nem pílula, nem creme, nem cirurgia plástica que previnam essa causa; ela é tóxica e responsável pela ruína não só da nossa pele, mas da nossa alma. Inimiga de qualquer mulher, a tristeza por envelhecer é como uma erva daninha. E como não a podemos impedir nem a evitar, a pergunta é: como posso viver este tempo da melhor forma possível? E a resposta é: com gratidão e com muita alegria no coração.
Gratidão por termos vivido cada dia desta nossa vida, gratas por ver nossos cabelos ficando grisalhos e por termos as marcas de nossa juventude gravadas em cada ruga do nosso rosto. Gratas por termos amado e desejando aperfeiçoar este amor até nosso último dia neste mundo.
Celebrar cada aniversário com alegria, vivendo o apogeu da maturidade em toda a sua plenitude, tomando posse da mulher que nos tornamos. Sabendo que, dentro de nós, sempre existirá aquela menina cheia de vida, de ideias, sonhos e projetos a realizar e que teremos toda a eternidade para sermos aquilo que amamos.

Fonte Canção  Nova

Judith Dipp

Formada em Psicologia, Judith foi cofundadora da Comunidade de Aliança Mãe da Ternura e voluntária num Centro de Atendimento e Aconselhamento para Mulheres ( Montgomery County Counselling and Carreer Center), em Washington, nos Estados Unidos. Atualmente, é psicóloga da Escola Internacional Everest, do Lar Antônia e da Congregação dos Seminaristas Redentoristas, todos com sede em Curitiba (PR), cidade onde reside.