A devoção do Rosário da Virgem Maria passa por uma nova Primavera na vida da Igreja.
A oração do Rosário da Santíssima Virgem Maria não é uma prática piedosa do passado, na qual pensamos com saudades, mas hoje passa por uma nova Primavera. “Isto é sem dúvida um dos sinais mais eloquentes do amor que as jovens gerações sentem por Jesus e pela sua Mãe, Maria”1. No mundo atual, tão dispersivo, a oração do Rosário nos ajuda a colocar Cristo no centro, como fazia a Virgem Maria, que meditava em seu coração de Mãe tudo o que se dizia do seu Filho, e depois o que Ele fazia e dizia. Quando recitamos o Rosário, revivemos os momentos mais importantes e significativos da história da salvação; repercorremos as várias etapas da missão de Cristo. Com Maria, orientamos o nosso coração para o mistério de Jesus. Colocamos “Cristo no centro da nossa vida, do nosso tempo, das nossas cidades, mediante a contemplação e a meditação dos seus santos mistérios de alegria, de luz, de sofrimento e de glória”2. “O Rosário, quando é rezado de modo autêntico, não mecânico nem superficial mas profundo, de fato dá paz e reconciliação. Contém em si o poder restabelecedor do santíssimo Nome de Jesus, invocado com fé e com amor no centro de cada Ave-Maria”3. Além disso, “quando rezamos o Terço, Maria oferece-nos o seu coração e o seu olhar para contemplarmos a vida do seu Filho, Jesus Cristo”4.
São João Paulo II foi um Papa totalmente consagrado a Jesus pelas mãos maternas de Maria, como evidenciou-se no lema de seu pontificado: “Totus tuus”, que significa todo teu, todo de Maria. João Paulo II foi eleito no coração do mês do Rosário, e a “coroa” (Terço) que ele tinha sempre nas mãos tornou-se um dos símbolos do seu pontificado, sobre o qual a Virgem Imaculada velou com carinho de Mãe. Na sua vida e no seu ministério, a oração do Papa dos jovens se apoiava na intercessão da Virgem Maria. Em seu apostolado, o Santo Padre encorajou vivamente a oração do Terço, escreveu a Carta ApostólicaRosarium Virginis Mariae, e enriqueceu o Rosário com a meditação dos Mistérios Luminosos. Através da rádio e da televisão, fiéis do mundo inteiro puderam unir-se muitas vezes ao Papa nesta oração mariana e, graças ao seu exemplo e aos seus ensinamentos, redescobrir o autêntico sentido contemplativo e cristológico do Rosário5.
O Rosário mariano tem Jesus Cristo como centro, por isso não se opõe à meditação da Palavra de Deus e à oração litúrgica. Ao contrário, esta oração representa um “complemento natural e ideal, em particular como preparação e como ação de graças à celebração eucarística. O Cristo encontrado no Evangelho e no Sacramento, contemplamo-lo com Maria nos vários momentos da sua vida, graças aos mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos”6. Na escola da Mãe de Deus, aprendemos a conformar-nos ao seu Filho Jesus e a anunciá-lo com a nossa própria vida. “Se a Eucaristia é para o cristão o centro do dia, o Rosário contribui de modo privilegiado para dilatar a comunhão com Cristo, e ensina a viver, tendo fixo nele o olhar do coração, para irradiar sobre todos e sobre tudo o seu amor misericordioso”7.
Ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “O Santo Rosário”:
O Rosário da Virgem Maria, que ao sopro do Espírito de Deus foi formando-se gradualmente no segundo Milênio, é uma oração amada por numerosos santos e santas e estimulada pelo Magistério da Igreja. “Na sua simplicidade e profundidade, permanece, mesmo no terceiro Milênio recém iniciado, uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade. Ela enquadra-se perfeitamente no caminho espiritual de um cristianismo que, passados dois mil anos, nada perdeu do seu frescor original, e sente-se impulsionado pelo Espírito de Deus a ‘fazer-se ao largo’ (duc in altum!) para reafirmar, melhor ‘gritar’ Cristo ao mundo como Senhor e Salvador, como ‘caminho, verdade e vida’8, como ‘o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e da civilização’”9.
Assim, seguindo o exemplo de São João Paulo II e outros numerosos santos que praticaram esta salutar devoção, rezemos o Rosário de Nossa Senhora. Esta oração, que nasceu na Idade Média, vive hoje uma nova Primavera. O Rosário recebe, em nossos dias, um novo sopro do Espírito Santo, para produzir muitos santos. Não tenhamos medo de rezar o Rosário, pois Cristo é o centro desta oração. Nela, meditamos os mistérios de Jesus Cristo, único Salvador do mundo. Além disso, o Rosário favorece a meditação da Palavra de Deus e espiritualidade litúrgica. Pois, a oração do Rosário representa um particular complemento, como preparação e como ação de graças, para a celebração da Eucaristia. Impulsionados pelo Espírito Santo, façamos do Rosário da Virgem Maria um caminho espiritual privilegiado que nos conduz a Jesus Cristo. Que a Virgem Maria nos ajude a acolher em nós a graça que provém dos mistérios do Rosário, para que através de nós ela possa “irrigar” a sociedade, a partir das relações quotidianas, e purificá-la de tantas forças negativas, abrindo-a à novidade de Deus. Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
Referências:
1 A SANTA SÉ. Recitação do Rosário presidida pelo Santo Padre: Discurso do Papa Bento XVI, em 3 de Maio de 2008.
2 Idem, ibidem.
3 Idem, ibidem.
4 A SANTA SÉ. Homilia do Papa Bento XVI em Lourdes, no dia 13 de Setembro de 2008.
5 Cf. A SANTA SÉ. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 9-17.
6 A SANTA SÉ. Papa Bento XVI, Angelus do dia 16 de Outubro de 2005.
7 Idem, ibidem.
8 Jo 14, 6.
9 A SANTA SÉ. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 1.
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