Maria menina e Sant’Ana |
Desde o princípio de sua vida, a Santíssima Virgem foi confiado o ofício de Medianeira de toda humanidade. Tal ofício reclamava antecipadamente a Maria um cabedal de graças maior do que o concedido a todos os homens. O Filho Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens e Maria é medianeira de graça pela via da intercessão e de seus méritos. A Virgem ofereceu os seus méritos pela salvação de todos os homens e Deus aceitou-os por graça, juntamento com os merecimentos infinitos de seu Filho Jesus Cristo. “Para todos Maria desejou, procurou e obteve a salvação. Assim, pois, todo bem, todo dom de vida eterna recebido de Deus, por cada santo, lhe foi dispensado por meio de Maria”5.
A Natividade da Santíssima Virgem Maria, que vem ao mundo revestida da graça, é a alvorada que é prenúncio da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. O nascimento de Maria é uma festa digna de ser celebrada com louvores universais. Pois, se o nascimento de um filho, que vem ao mundo com a mancha do pecado original, é um dia de festa para sua família, muito mais comemorado deve ser o nascimento da Menina Imaculada na grande família que é a Igreja. Para compreender o grau de santidade e as graças e virtudes com que Maria foi enriquecida desde o primeiro instante de sua vida, precisamos compreender a eleição divina à tão grande vocação, que é a de ser Mãe do Verbo de Deus. Para entrar neste mistério da graça que é Maria, também nos é necessário entender o ofício que lhe será confiado, de Medianeira de todas as graças. Por sua vocação e ofício, Nossa Senhora supera, com a sua santidade e os seus méritos, toda a corte celestial, tanto que “não convinha a Deus outra Mãe que não Maria, e a Virgem Maria não convinha outro Filho senão Deus”1.
A alma da Virgem Maria é a mais bela que Deus criou. Depois da Encarnação do Verbo, Maria foi a obra mais formosa e mais digna criada pelo Altíssimo. Ela é uma maravilha que só é excedida pelo próprio Criador. A graça não desceu sobre Maria aos poucos, como acontece com os santos, mas como uma chuva de graça absorvida por ela com grande alegria, como num velo, sem perder uma só gota2. Por isso, podemos dizer que ela possui em plenitude o que possuem só em parte os santos. A graça que adornou a Santíssima Virgem ultrapassa não somente cada um em particular, mas a de todos os santos reunidos. “Maria, desde o primeiro instante de sua Conceição Imaculada, recebeu uma graça superior à de todos os anjos e santos juntos”3.
A Virgem Maria foi predestinada, escolhida desde todos os séculos, para ser Mãe do Verbo Divino. Na Mãe de Deus realizou-se a união hipostática, a união do Verbo, da natureza divina, com a natureza humana. Em vista desta predestinação, Maria foi elevada a uma ordem superior à de todas as outras criaturas. A Nossa Senhora foram concedidos dons de ordem superior, que excedem incomparavelmente os que foram conferidos às demais criaturas. “Em vista da escolha de Maria para Mãe de Deus, convinha certamente que o Senhor, desde o primeiro instante, a adornasse com uma graça imensa, superior em grau à de todos os outros homens e anjos”4.
Maria Santíssima, a celeste menina, tanto pela vocação de Mãe do Redentor, quanto pelo ofício de Medianeira de todas as graças, recebeu, desde o primeiro instante de sua vida, graça mais abundante que a de todos os anjos e santos reunidos. Que admirável espetáculo para a Terra e para o Céu o nascimento dessa alma Bem-aventurada! Desde o ventre de sua mãe, Maria “era a criatura mais amável aos olhos de Deus, pois que, já cumulada de méritos, podia dizer: quando era pequenina agradei ao Altíssimo”6. Na Terra, e depois no Céu, Maria é a criatura mais amante de Deus. Nos alegremos, pois nos foi dada Maria, esta Mãe maravilhosa, admirável, cuja santidade excede a de todos homens e anjos juntos. No Céu, Maria permanece intercedendo por cada um de nós e, ao mesmo tempo, ela está muito próxima, cuidando de nós com seu amor de Mãe. Nossa Senhora da Natividade, rogai por nós!
Referências:
1 SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Glórias de Maria. 3ª ed. Aparecida: Santuário, 1989, p. 262.
2 Cf. Sl 71, 6.
3 SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Op. cit., p. 259.
4 Idem, p. 260.
5 Idem, p. 263.
6 Idem, p. 265.
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